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O que é que Melides tem?

Boa mesa

A confusão de que os habitantes da terra falam são as festas durante todo o Verão para animar os locais e não só. Há música, há dança, há tasquinhas de petiscos, tudo o que uma boa noite pede. Os empresários da restauração agradecem: há que aproveitar os meses quentes para amealhar para o resto do ano.

Perto da igreja situa-se O Fadista. Com 25 anos de existência, é gerido por marido e mulher e alberga para uma boa refeição muitos dos que passam pela aldeia. Vítor Almeida, o proprietário, nota que são cada vez mais os que ali param para provarem as saladas de polvo, o ensopado de enguias ou o arroz de lingueirão que Ana, sua mulher, prepara na cozinha. “Tudo o que cozinhamos é feito com amor e as pessoas sentem isso.”

Um pouco mais acima, na rua principal, há O Melidense. O “senhor Carlos” prefere não desvendar o que de bom se come no seu espaço, mas as críticas escritas a caneta pelas paredes do restaurante são reveladoras:  ali não se pode perder um bom prato de açorda ou de chocos fritos. No campo das sobremesas, o arroz doce parece ser o maior must.

Uns quilómetros mais à frente, o Tia Rosa já está habituado à confusão que turistas ou novos habitantes trazem à pacatez da aldeia. O seu afamado pato no forno com arroz de miúdos leva pessoas de todo o país a parar neste espaço à beira da estrada.

Se em Melides há muito por onde se escolher na altura em que a fome aperta, não há muito por onde optar no que toca a actividades que não passem só por ficar horas intermináveis a apanhar banhos de sol na praia. Frederico Lamas e o irmão Luís viram nisso uma oportunidade de negócio. E assim surgiu a empresa Passeios a Cavalo Melides. Com preços a partir dos 25€, pode ter-se aulas de equitação, passear-se a cavalo na montanha ou na praia. O extenso areal e as poucas pessoas na areia permitem esses passeios ao estilo do que celebrizou Bo Derek, no filme 10. Diferença importante: aqui usa-se roupa. Por mais uns euros, também pode ser feita uma degustação de três vinhos regionais.

Para além disto, pouco mais há para fazer — o que não é propriamente uma má notícia. Afinal, não são muitos os locais em Portugal que têm praia e total tranquilidade. António Candeias, que durante vários anos trabalhou no concelho de Oeiras, nunca deixou de viver em Melides. Tem casa na serra e sabe-lhe bem o sossego. E nem o interesse massivo que o local está a suscitar o preocupa: “Aqui a densidade de construção é mínima. Na nossa costa não se constrói mais do que já está construído em Vilamoura, por exemplo.” Sobre a pergunta inicial — “O que é que Melides tem? —, António não hesita: “Tem turismo de silêncio, tem praias onde até em Agosto se pode estar sozinho, uma gastronomia muito boa e pessoas que recebem muito bem.”

 

Maravilhas de Portugal

Melides está a concorrer para as 7 Maravilhas de Portugal na categoria “Aldeias Ribeirinhas”. Num documento exposto no largo da aldeia, António Figueira Mendes, presidente da Câmara de Grândola, justifica a ambição: “Este concurso constitui uma importante oportunidade de mostrarmos e afirmarmos as nossas potencialidades através da candidatura de quatro aldeias do nosso concelho representativas das características ímpares que distinguem o nosso território: a frente atlântica com 45 quilómetros de praias acessíveis, a riqueza natural da nossa serra, a afabilidade das nossas gentes e o património gastronómico, histórico e cultural de grande relevo.”

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