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Albânia, este país não é para velhos

 

A cidade das mil janelas

- Vais gostar de Berat e certamente que encontrarás semelhanças com Gjirokastër, com as suas casinhas brancas, apertando-se umas às outras como casais de namorados.

Uma imagem romântica de Jonida Qirko que me agradava, da mesma forma que a cidade, também Património da UNESCO, me seduziu desde o primeiro instante, mal comecei a caminhar junto ao rio, passeando o olhar pelos pescadores que, de pé, numa das margens, lançavam as suas linhas para a água que corria silenciosa e da qual se erguia uma neblina ténue. Ao cimo erguiam-se as casas, com as suas mil janelas, do bairro muçulmano de Mangalem, com as suas três mesquitas, e mais para cima ainda a Kalasa, a cidadela, e o bairro Kala, com uma população significativa ainda a viver dentro das suas muralhas. Tradicionalmente católico, Kala não abriga hoje mais do que umas doze igrejas de um total duas dezenas, entre elas a Kisha Fjeta e Shën Mërisë, de finais do século XVIII, que acolhe também o Museu Onufri, com trabalhos do século XVI do famoso artista e do filho, Nikolla.

Do outro lado do rio, Gorica, órfã de sol durante todo o Inverno e um dos lugares mais frescos mesmo no Verão, é um espelho de serenidade. Atravesso a elegante ponte em arco sobre o Osum e fixo o olhar em Mangalem, nos raios do sol incidindo sobre as casas que continuam a namorar, bem juntinhas, e nas suas janelas que parecem flutuar — a cidade das janelas flutuantes.

Já me preparava para deixar para trás Berat quando uma imagem me devolveu à memória um testemunho de esperança de Renis Batali.

- O país está a mudar mas nos últimos 10-15 anos era muito difícil pensar de forma diferente das massas — como uma peça de um puzzle que não encaixa. Acredito que esta mentalidade resulta dos tempos do comunismo e da segregação. Mesmos nós, os mais jovens, não tendo vivido esta experiência, fomos fortemente afectados pelos nossos pais. O meu desejo é que as novas gerações vão muito para lá da mentalidade de massas do comunismo, em que todos sem excepção gostavam das mesmas coisas.

À última hora, decidi dormir em Berat. Subo de novo até à cidadela. Um grupo de crianças, rapazes e raparigas, com camisolas com os nomes de Ronaldo, de Messi, de Kaká, joga futebol. Desço, calcorreando a rua empedrada e avisto roupa num estendal. Olho mais para cima e sinto-me observado por um menino com um sorriso que se torna ainda mais dócil quando o fotografo. Às crianças que retiram prazer do jogo e ao pequeno que parece grato com aquele momento cabe a última palavra, de enfrentar o desafio para provar que este país não é para velhos (hábitos).

 

 

Guia

Quando ir

A Albânia pode ser visitada em qualquer altura do ano. O Verão coincide com a época alta, quando as populações do interior, com temperaturas superiores a 30 graus, acorrem à costa, que goza de um agradável clima mediterrânico. Nas zonas mais montanhosas, fortes nevões são uma constante entre Novembro e Março.  

 

Como ir

Não há ligações aéreas directas entre Lisboa e Tirana e a tarifa mais económica, com uma escala em Istambul e desde que reserve com alguma antecedência, é proporcionada pela Turkishairlines (www.turkishairlines.com).

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