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O erro em Benidorm é chegar e só ver praia

Para muitos é sinónimo de “um Algarve à maluca, um bocado foleiro”, vamos admitir, usando as palavras que Laura García ouve dos portugueses. No gabinete do Visit Benidorm, trabalha-se uma mudança de percepção.

Na verdade, o que Benidorm tem de melhor permanece praticamente intocável. É o caso da Sierra Gelada. E da baía de 4,7 quilómetros que faz a praia do Poniente, mesmo ao lado da do Levante, mas culturalmente muito distante. “Esta é a praia que os espanhóis frequentam e isso é um selo de qualidade”, diz Laura. Poucos prestam também atenção ao centro histórico, com a Igreja de Santiago, do século XVII e recentemente renovada, e ao Balcón del Mediterráneo sobre o mar.

A aposta é no turismo desportivo. Multiplicam-se os desportos náuticos e as actividades de água, entre wakeboard em mar aberto, vela, parapente, kitesurf, caiaque ou cable ski. Para mergulho, recomenda-se a ilha de Benidorm, onde pode chegar num barco com vista submarina.

Esta ilha é formada por um pedaço de rocha que, reza a lenda, foi pontapeado da montanha Puig Campana, nas costas da cidade. E é nesta montanha, a mais alta do país à beira do mar, que se organizam várias rotas pedestres e cicláveis, quer no Verão, quer no Inverno. “São rotas em que podes começar com roupa de neve nas montanhas e terminar com um mojito na praia”, traça Lucho Pérez, técnico da Visit Benidorm.

Na verdade, a cidade pouco descansa no Inverno. A ocupação hoteleira mantém-se acima dos 65%. Os restaurantes nunca chegam a fechar. Por isso, Laura e Lucho aconselham: visite fora do Verão, porque a cidade não tem estação em que durma.

“Não é normal nascer-se aqui”

Laura García sente que é dos poucos jovens nascidos e criados em Benidorm. “Não é normal nascer-se aqui.” A maior parte dos amigos é como Lucho, um madrileno que se mudou. “Mas quem veio sente-se acolhido.” Fala de uma multiculturalidade que é intrínseca à cidade. “Sempre vivemos com muitas culturas e estamos confortáveis com essa mistura”, repara. “Aqui não há turismofobia”, acrescenta Lucho.

Benidorm vivia da pesca. Depois o atum desapareceu e a cidade reinventou-se. Nos anos 1950, virou-se para o turismo. Com um projecto urbanístico ao estilo norte-americano, de cidade vertical, onde as avenidas são ladeadas por árvores, o ar circula e as distâncias são curtas. Neste cenário, Benidorm quis criar “um turismo democraticamente acessível”. “Esteticamente o projecto tem um impacto brutal, mas é sustentável”, diz Laura. Benidorm reconstruiu-se para ser “uma cidade de bem-estar”.

Os anos seguiram-se, com os hotéis e restaurantes cheios, num “caminho formatado”. Até que o próprio sector hoteleiro pediu à cidade para “mostrar uma outra Benidorm”, refere Laura. “O formatado já está. Agora vem o outro: o do Inverno e do desporto”.

Quando entramos no carro, a guia informa a taxista: “Estamos a mostrar-lhes a outra Benidorm”, “Sim, por favor”, responde-lhe ao volante.

O erro em Benidorm é chegar e só ver praia.

 

Benidorm verde

Há ciclovias em toda a marginal da cidade e, ao volante, uma filosofia de sustentabilidade. É a que norteia Sérgio Ruiz, dono da loja de aluguer de bicicletas eléctricas Tao Bike: “Ao visitar Benidorm, deixe para trás o menor impacto possível.” As bicicletas têm autonomia para dar cinco voltas à cidade. São 12 euros por duas horas, 18 euros por meio-dia, 25 euros por um dia. A empresa organiza percursos na montanha e rotas de tapas. Há ainda a possibilidade ir de bicicleta ao porto de pesca e voltar para aprender a cozinhar o que trouxeram (60 a 65 euros).

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