Fugas - Viagens

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A ilha que é bipolar quer ser ainda mais verde

Uma atracção, sem dúvida, por este paraíso sueco que se sente mal o ferry abre as suas portas. À sua frente, desenha-se Visby, liberal, Património Mundial da UNESCO, orgulhosa desse seu passado glorioso, semi-escondida dentro das muralhas, como vigilante deste antigo porto hanseático, com habitantes que não desdenham o seu passado viquingue, a sua herança, e ao mesmo tempo decididos a susbtituir as energias fósseis por energias renováveis, num claro e inequívoco divórcio face ao carvão, ao petróleo e ao gás natural.

Assim é Gotland – e não é por acaso que, mal o governo fez um apelo a comunidades ecológicas, propondo financiamento, Gotland surgiu entre as 15 primeiras a responder positivamente. Cientistas e representantes políticos do mundo mostraram-se em Visby, em delegação, antes ainda de se produzir um interesse ainda mais alargado, há pouco mais de dez anos, numa altura em que o governo sueco, já fortemente inclinado para a produção de biomassa e de energia hidráulica, se fixou, definitivamente e a grande velocidade, na ideia de uma menor de dependência da indústria petrólifera até 2020 - mas, por outro lado, sem recorrer a qualquer programa nuclear.

Ola Ariel Petterson deixa-me no centro de Visby não sem antes me estender um convite.

- Se quiseres podemos beber um copo mais logo.

A noite ainda não tombara quando cheguei à Stora Torget. Os estudantes continuavam em festa, alguns já davam sinais de um crepúsculo de embriaguez, outros mostravam-se mais discretos, como são quase sempre os suecos. Ainda tive tempo para admirar uma vez mais a Donner House, habitada no século XVIII por uma família de comerciantes. Jörgen Hinrich Donner, um mercador alemão, casou com uma jovem de uma família local mas morreu ainda novo, obrigando a mulher, Anna Greta Donner, a gerir um verdadeiro império, na verdade o maior em Visby durante o século XVIII. E Anna Greta Donner continuou a negociar com os alemães, que a tratavam por Madame Mister Donner.

Ola Ariel Petterson acena-me, apresenta-me aos seus amigos e amigas, a Stora Torget fervilha de vida e o sueco que me dera boleia mostra-me a face nocturna de Visby que aos poucos recupera a sua tranquilidade.

ferry parte e eu varro com os olhos os seus passageiros, como se esperasse encontrar Terese Jonsby entre eles. Não a voltei a encontrar mas soube, uns meses depois, que era amiga de Ola Ariel Petterson. Gotland, com os seus contrastes, vai ficando para trás, enquanto evoco algumas das conversas com Terese Jonsby naquele miradouro de Fridhem.

- Não me ocorre outra palavra: se tivesse de fazer um diagnóstico da ilha não teria dúvidas – bipolar.

 

Guia Prático

Como ir

A TAP liga directamente Lisboa a Estocolmo com uma tarifa a rondar os 330 euros. Vale sempre a pena pesquisar a companhia aérea low cost Norwegian, que também voa entre as duas cidades e, se o tempo e as escalas não constituírem um problema, a Lufthansa a KLM ou a Vueling, podem proporcionar preços mais em conta. 

Da capital sueca, tanto do aeroporto de Arlanda, como de Bromma, há ligações aéreas diárias a Visby com a Skyways ou com a Gotlands Flyg, esta última (voa apenas para Bromma) com preços mais em conta. O aeroporto da ilha está localizado a escassos quatro quilómetros de Visby – o trajecto pode ser feito de autocarro (somente nos meses de Verão) ou de táxi.

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