Desde que, em 1999, aterrou no Douro, para trabalhar com Cristiano Van Zeller na Quinta do Vale D. Maria, um dos parceiros do projecto Douro Boys, Sandra Tavares da Silva não tem parado de somar distinções. O Douro foi a última etapa do seu tirocínio como estagiária, depois de se ter formado em agronomia no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, e de ter feito um mestrado em enologia em Piacenza, Itália. "Já conhecia quase todas as regiões do país, menos o Douro. Um dia perguntei ao Cristiano Van Zeller se não me conseguia um estágio por lá e ele convidou-me a ir estagiar para a sua Quinta do Vale D. Maria. Fui e nunca mais saí", conta.
Apesar de ter entrado no mundo da moda com 16 anos e de ter desfilado em Paris, Milão, Londres e Nova Iorque, Sandra nunca teve dúvidas sobre o seu futuro. "Sempre quis voltar ao mundo da terra", garante. Ela que nasceu nos Açores e passou grande parte da sua vida em Lisboa. A sua ligação ao campo começou, desde nova, na propriedade que o avô tinha em Alcochete e que era gerida pelo pai, oficial da Marinha, mas o facto de a mãe ser suíça também pode ter tido alguma influência. Quando se reformou, o pai quis comprar a propriedade da família, para se dedicar à agricultura. Como não chegaram a acordo, resolveu comprar, em 1987, uma outra propriedade em Alenquer, a Quinta da Chocapalha, que começou a produzir os seus próprios vinhos em 2000, sob a direcção da Sandra Tavares da Silva.
A vida de Sandra já estava, porém, presa ao Douro. Em 1999 conheceu Jorge Serôdio Borges, sócio e enólogo principal da Quinta do Passadouro, e começaram logo a sonhar com um projecto conjunto. Dois anos depois, casaram e surgiu o Pintas, um dos vinhos que mais contribui para a afirmação do novo Douro. Os filhos e a compra das vinhas velhas onde é feito o Pintas, em Vale Mendiz, perto do Pinhão, vieram depois, ligando-a ainda mais à região.
Hoje, Sandra, com 38 anos, divide-se entre a Quinta de Chocapalha, a Quinta do Vale D. Maria e Vale Mendiz, sede da Wine & Soul, empresa que possui com o marido e que, além do Pintas, produz também o Guru. Se lhe pedirem para escolher o vinho a que está mais ligada, não sabe dizer. "De maneiras diferentes, todos são importantes para mim. Chocapalha é um projecto da família, que tenho com o meu pai e as minhas irmãs, mas também sinto um carinho especial pela Quinta do Vale D. Maria, pois foi onde aprendi e cresci, e pela Wine & Soul, por ser uma parceria com o meu marido", resume. Não se pede a uma mãe que escolha o seu filho preferido.
Há dezenas e dezenas de mulheres a fazer vinho
por Pedro Garcias
Sandra Tavares da Silva | Quinta do Vale D. Maria
Filipa Pato | FP Wines
Sandra Gonçalves | Dona Maria
Filipa Tomaz da Costa | Quinta da Bacalhôa
Graça Gonçalves | Quinta do Monte d'Oiro
Rita Marques Ferreira | Conceito
Gabriela Canossa | Quinta da Revolta
Joana Roque do Vale | Roquevale
Lúcia Freitas | Dão Sul
Susana Esteban | Solar dos Lobos