Fugas - Vinhos

  • Marco Maurício (arquivo)
  • Marco Maurício

10 Enólogas: Susana Esteban (Solar dos Lobos)

Por Pedro Garcias

Os galegos estão intimamente ligados à história do Douro. Foram eles, juntamente com hordas de assalariados vindos das Beiras e de Trás-os-Montes, que ergueram grande parte da paisagem vinhateira classificada como Património Mundial pela UNESCO, em 2001. Aos galegos era reservado o trabalho mais duro e o seu heroísmo ainda hoje é recordado com a frase "trabalhas que nem um galego".

Mas os tempos mudaram e, nos últimos anos, alguns galegos regressaram ao Douro como donos de quintas importantes da região. Os primeiros foram os banqueiros da Caixanova, de Vigo, que em 1998 compraram uma parte do capital da Sogevinus, sociedade que detinha uma participação maioritária sobre a A.A. Cálem & Filhos S.A. Hoje, a Caixanova é proprietária de algumas das mais tradicionais empresas de vinho do Porto, como a Barros & Almeida, Kopke e Burmester. Em 1999, foi a vez da empresa Proinsa, da Corunha, investir também no Douro, com a compra da Quinta de Ventozelo. Ainda antes destes dois investidores, já tinha chegado ao Douro uma Galega de Tui, Susana Esteban, que viria a ter um papel importante no desenvolvimento e afirmação nacional e internacional dos vinhos de mesa da região.

Porém, foi pelo vinho do Porto que Susana, de 41 anos, começou. Licenciada em química, fez o mestrado em viticultura e enologia na Rioja e, quando ganhou uma bolsa para fazer um estágio num país da União Europeia, optou por Portugal e pelo Douro. "Interessava-me o vinho do Porto e, em 1996, fui estagiar para a Sandeman [quando esta era ainda uma empresa familiar]", recorda. Nesta empresa, tomou contacto com todas as fases da produção do vinho, a começar pelo ritual das vindimas no Douro. "Fiquei impressionada com a região", diz. Terminado o estágio, regressou a Espanha.

Um dia, viu no jornal um anúncio da Quinta do Côtto, de Miguel Champalimaud, que procurava um director de produção. Susana concorreu e foi escolhida. Estávamos em 1999. "Gostei muito de trabalhar com Miguel Champalimaud", conta. Ficou por lá durante três anos e, em 2002, a família Roquette convenceu-a a mudar-se para a Quinta do Crasto, onde Susana viveu os seus anos de glória. "Foi uma experiência determinante", assegura. Pela enóloga galega passaram alguns dos vinhos que tornaram mundialmente famosa a Quinta do Crasto e ajudaram à "revolução tranquila" dos vinhos de mesa do Douro.

Mas a vida é feita de decisões difíceis e, em 2007, após ter casado com o crítico de vinhos e cronista da Fugas Rui Falcão, Susana colocou os interesses familiares em primeiro lugar e, "com muita pena", diz, trocou o Douro por Lisboa. Desde então, Susana deixou de ser enóloga residente e passou a ser apenas consultora.

Actualmente, está ligada a cinco projectos no Alentejo: Solar dos Lobos, Monte dos Cabaços, Tiago Cabaço Wines, Perescuma e Azamor. "Estou a adorar. Tem sido um desafio interessante", adianta. O Alentejo não é o Douro e Susana já não tem a mesma visibilidade que tinha quando, através do Crasto, fazia parte dos Douro Boys. Mas os portugueses ainda vão ouvir falar muito dela. Susana não é uma enóloga qualquer. Aos 41 anos, faz parte do grupo dos melhores.

10 Enólogas: As mulheres estão a tomar conta das adegas

Há dezenas e dezenas de mulheres a fazer vinho
por Pedro Garcias

Sandra Tavares da Silva | Quinta do Vale D. Maria

Filipa Pato | FP Wines

Sandra Gonçalves | Dona Maria

Filipa Tomaz da Costa | Quinta da Bacalhôa

Graça Gonçalves | Quinta do Monte d'Oiro

Rita Marques Ferreira | Conceito

Gabriela Canossa | Quinta da Revolta

Joana Roque do Vale | Roquevale

Lúcia Freitas | Dão Sul

Susana Esteban | Solar dos Lobos

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