Fugas - Vinhos

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O mundo do vinho passou pela feira de Bordéus

A excitante Torrontés
A casta bandeira da Argentina é a tinta Malbec, mas alguns dos mais surpreendentes vinhos argentinos são brancos e produzem-se a 1800 de altitude na região de Salta, a partir da casta Torrontés. Vale a pena fixar este nome: Felix Lavaque e o seu admirável Quara Torrontés, em especial o Quara Viña de la Esperanza 2009. Descobrimo-lo na Vinexpo. Felix tem vinhas no vale de Cafayate, às portas do deserto de Atacama. A precipitação média anual é de apenas cinco milímetros e, no entanto, os seus vinhos de Torrontés, além de aromáticos e secos, possuem uma acidez que os torna incrivelmente frescos. O segredo está no solo, que é arenoso e profundo, permitindo conservar a humidade.

O fabuloso champanhe Collard-Picard
Collard-Picard. Umas das melhores lembranças da Vinexpo. É o nome de um casal (Collard pela parte dela, Picard pela parte dele) que decidiu juntar a ligação de ambos ao vinho (um ao Pinot Noir e ao Pinot Menieu de la Vallée de la Marne, outro ao Chardonnay de La Côte des Blancs) e fazer um champanhe com uvas próprias.
Um grandíssimo champanhe, que mistura modernidade com tradição. Soberbo o Cuvée Des Archives Millésimée 2002. Brevemente, deverá estar à venda em Portugal.

Jantar com a Dão Sul em Saint-Emillion
A Dão Sul, liderada por Carlos Lucas, levou quase toda a equipa de enologia e viticultura à Vinexpo.
É assim que se aprende e se abrem horizontes. Ao segundo dia de feira, acompanhámos o grupo num jantar em Saint-Emillion, a pequena cidade de pedras que se ergue por entre um imenso e geométrico mar de vinhas. Património da Humanidade desde 1999, Saint-Emillion é um verdadeiro museu ao ar livre. Não há nada fora do sítio. É tudo imaculado, desde as vinhas aos monumentos e ruelas de pedra. O jantar deixou memória pela companhia e por um Chablis que acompanhou umas entradas. Melhor mesmo foi o champanhe que se bebeu na rua já noite alta.

O Château Pichon Longueville abriu-se ao Douro
A participação duriense na Vinexpo ficou marcada pela soirée que o imponente Château Pichon-Longueville, em Pauillac, dedicou aos grandes vinhos do Douro, perante a presença de centenas de convidados, entre importadores, sommeliers e jornalistas estrangeiros. O Château pertence à AXA Millésimes, que é proprietária da Quinta do Noval. Alguns dos seus quadros são também donos da Quinta da Romaneira. O principal elo de ligação destes activos é Christian Seely, o inglês que dirige o château Pichon-Longueville, já foi o responsável máximo da Noval e é accionista da Romaneira.
A festa começou com uma concorrida prova de vinhos de cada um dos produtores convidados nas caves do Château e terminou com um jantar com vinhos do Douro e comida de inspiração portuguesa. Foi uma grande acção de promoção, que ajudou a dar um pouco mais de notoriedade internacional aos vinhos de mesa durienses. Apesar do prestígio crescente da região, os seus vinhos ainda são pouco conhecidos no mundo, tal como o próprio país. Domingos Alves de Sousa, da Quinta da Gaivosa, testemunhou isso mesmo durante a prova, quando, ao passar pela sua bancada, um importador chinês lhe perguntou se os vinhos que estava a provar eram espanhóis.

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