A estreia dos vinhos Cottas
A festa do Douro no Château Pichon-Longueville, vizinho de casas míticas como a Latour e a Margaux, representou para alguns produtores durienses uma espécie de ritual de iniciação, a passagem do anonimato para a alta-roda do vinho. Marcas ainda relativamente novas como a Duorum, MUX (ex-Muxagat), Marka e Cottas puderam partilhar os holofotes com outras já consagradas, como as referências dos chamados Douro Boys, Sogrape, Real Companhia Velha, Symington, Gaivosa, Poeira e Pintas, entre outras.
No caso do vinho Cottas, foi uma estreia de sonho. O primeiro tinto saiu para o mercado apenas em 2009. É um reserva de 2008, muito contido de aroma, mas bastante carnudo e envolvente, com excelentes taninos e uma acidez deliciosa. O reserva de 2009, apresentado na Vinexpo, é menos fresco mas está mais elegante e pronto a beber. O primeiro branco, também reserva mas de 2009, saiu em 2010. Fermentado em madeira, é um vinho bastante mineral e gastronómico, mas menos complexo do que o excelente reserva 2010.
A história do vinho Cottas começou em 2006, quando a família Carmo, que detinha, 31,5 por cento da Sogrape, alienou a sua participação a Joe Berardo. No dia seguinte, Pedro Carmo, que era administrador na Sogrape, deixou o cargo. Um ano depois, criou uma sociedade com a mulher, Isabel, e comprou uma quinta de 10 hectares perto da aldeia de Cotas, no concelho de Alijó, mesmo junto à Quinta da Romaneira. Mais tarde comprou uma outra propriedade de sete hectares junto ao rio Távora, em Tabuaço. Foi plantando e recuperando vinhas e, há dois anos, sob a direcção enológica de João Silva e Sousa, também ele antigo quadro da Sogrape, lançou os primeiros vinhos.
Por agora, a produção não passa das 35 mil garrafas e a ideia de Pedro Carmo é não crescer muito mais. Por agora, faz os vinhos em instalações alugadas e só em 2010 deverá ter pronta a sua própria adega, a que chama uma "casa de bonecas". Nessa altura, tenciona lançar o seu Quinta de Cottas, a marca reservada para os grandes vinhos da casa.
A FUGAS viajou a convite da Quinta de Cottas