João Pires tem vários vinhos portugueses na carta, alguns até saem bem. Mas, em geral, continuam “muito desconhecidos”. “A gente não tem má imagem, a gente simplesmente não tem imagem. É uma pena, porque os nossos vinhos são cada vez melhores”, diz. O preço é outro problema. “Os vinhos portugueses são bons, mas não são os melhores do mundo e não têm preços competitivos, em especial os vinhos de alta gama. Se um cliente entrar num supermercado e encontrar um Charme, do Dirk Niepoort, que é um excelente vinho, a 50 euros e ao lado estiver um Bordéus de Saint-Émillion ao mesmo preço, vai comprar o Bordéus, porque não faz a mínima ideia do que é o Charme”, sublinha.
Para Eric Beaumard, “Portugal possui um património vitícola excepcional, está a fazer grandes vinhos, no Douro, na Bairrada, no Dão, mas, em alguns casos, o mercado ainda não está preparado para eles, ainda não os conhece bem”. “É preciso insistir na educação do consumidor”, defende. Olivier Poussier diz o mesmo. “Portugal tem que dar a conhecer mais a sua cultura vitícola, a grande diversidade de castas e solos que possui. Para mim, Portugal, a par da Suíça e da Áustria, foi dos países que mais progrediu nos últimos 15 anos. E é um dos que possui mais potencial para participar na diversidade do gosto que eu, como europeu, defendo para o negócio do vinho”, refere. “Mas entristece-me que castas internacionais como a Cabernet, a Syrah, a Merlot continuem a ser plantadas em regiões como o Alentejo, o Ribatejo, a Península de Setúbal”, acrescenta.
“No Douro”, continua, “deram-nos a provar um vinho do Douro feito de Syrah. Ninguém o vai comprar. Estamos num mundo que ainda favorece as castas internacionais, é verdade. Mas é preciso resistir a isso. Apostar em castas internacionais é facilitar a entrada dos vinhos do Novo Mundo na Europa”.