Como medir a validade de uma denominação? Poderemos avaliar uma região pelo volume de vinhos produzido, pela quantidade produzida e poralguns números avassaladores? Poderemos avaliar uma região pela quota de mercado que detém, pelo quinhão que ocupa não só nas prateleiras desupermercados e nos catálogos das feiras de vinho, mas também no gostodos consumidores? Poderemos avaliar uma região pela variedade, pela empatia que cria junto dos consumidores, pela facilidade e cumplicidade que gera entre o gosto dominante do consumidor médio?
Poderemos avaliar uma região pela qualidade média dos vinhos aí produzidos, pela consistência e solidez das gamas base e intermédia, ou deveremos antes analisar o sucesso pela quantidade de rótulos de prestígio, pelo número de marcas de referência nacionais e internacionais, pela quantidade de vinhos capazes de criar momentos de desejo e antecipação? Poderemos avaliar uma região simplesmente pelo preço médio dos vinhos, pela capacidade de se adaptar à realidade económica do mercado, pela capacidade de conseguir produzir vinhos de excelentes relações qualidade/preço?
Poderemos avaliar uma região pela diversidade de estilos, pela capacidade de surpreender e de abarcar todos os estilos possíveis, desde os vinhos brancos até aos espumantes passando pelos vinhos tintos, rosados, fortificados e de colheita tardia ou o sucesso passará pela simplicidade da oferta? Poderemos avaliar o sucesso de uma região pela sua capacidade exportadora, pela aptidão em conquistar mercados internacionais, pela capacidade de comunicação e pela vontade de se promover de forma regular e consistente?
Todos compreenderão que o verdadeiro sucesso terá de ser medido por todos estes requisitos, por todas estas variáveis, de forma mais ou menos intensa para cada condição. E todos sabemos que infelizmente são poucas, muito poucas, as regiões que conseguem cumprir estes critérios de forma mais ou menos universal. A denominação que mais se aproxima do ideal de cumprir todos estes desideratos é o Alentejo, região de sucesso comprovado, dentro e fora de fronteiras, que há muito se afirmou como a região de maior sucesso em Portugal.
Um Alentejo muito mais plural no estilo, na diversidade cultural e na paisagem do que os preconceitos gostam de considerar, um Alentejo muito mais variado que o admitido por parte do país. Por ser tão grande, por ocupar quase um terço do território continental, e apesar dos clichés frequentemente o esquecerem, o Alentejo é a região de maior diversidade em Portugal, capaz de albergar paisagens, microclimas e solos díspares e por vezes antagónicos.
O Alentejo tem praias, tem uma linha de costa que beneficia da influência atlântica directa, uma área que apesar da falta de tradição no cultivo da vinha ganha cada vez mais adeptos e onde as vinhas começam a marcar a paisagem. O Alentejo tem regiões de clima inclemente no sul, sobretudo na margem esquerda do Guadiana embora a longa e escaldante planície de Beja possa ser igualmente cálida, regiões onde a vinha necessita de água e de regadio para sobreviver, região onde com frequência os estilo ganho um cunho mais intenso e internacional de fruta farta... embora bem medida.