Fugas - Vinhos

  • João Tavares de Pina
    João Tavares de Pina Adriano Miranda
  • Marta Soares
    Marta Soares DR
  • Dirk Niepoort
    Dirk Niepoort Adriano Miranda
  • João Roseira
    João Roseira DR
  • Mário Sérgio Nuno
    Mário Sérgio Nuno Adriano Miranda

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Os 'wine freaks' que estão a ajudar a mudar o vinho português

Mateus Nicolau de Almeida (vinhos Muxagat, Douro) – como Rita Ferreira (vinhos Conceito, Douro) ou Luís Soares Duarte (vinhos Gouvyas, Kolheita e Momentos, todos do Douro) - também faz parte da mesma tribo wine freak. Natural da Foz, no Porto, mudou-se para Vila Nova de Foz Côa, onde vive com a mulher (também enóloga) e os três filhos pequenos. A sua busca por vinhos novos tem-no aproximado da agricultura biodinâmica, que já começou a praticar no projecto da família, a Quinta do Monte Xisto, em Vila Nova de Foz Côa.

João Roseira, da Quinta do Infantado (Douro), não partilha da mesma filosofia, mas movimenta-se como ninguém nos circuitos alternativos do vinho. Faz vinhos biológicos e, até pela forma desprendida como se veste e se relaciona, representa o wine freak típico. Mário Sérgio, da Quinta das Bágeiras (Bairrada), não tem nada de excêntrico, mas, tal como Álvaro de Castro (Quinta da Pellada, Dão) ou até mesmo Miguel Louro (Quinta do Mouro, Alentejo), também pode caber na mesma categoria. Os vinhos que faz são do mais alternativo que existe em Portugal. E o mesmo pode ser dito de Tavares de Pina (Dão), que insiste em fazer vinhos para nichos de consumidores; ou de Dirk Niepoort, que apesar de nunca descurar o lado comercial do negócio, está sempre a criar vinhos de ruptura. Pela facilidade com que partilha vinhos de outros produtores e latitudes, pelo seu jeito "négligé" e, sobretudo, pelo insaciável espírito criativo que possui é, sem dúvida, o mais freak de todos os produtores nacionais. E é também o mais influente, o que mais exposição mediática e caminhos alternativos tem trazido ao vinho português.

 

Dirk Niepoort
Aos 49 anos, Dirk Niepoort é um dos rostos salientes da geração de enólogos e produtores que, a partir dos anos 90 do século passado, tem revolucionado a região do Douro. Mas sua influência é mais vasta. Esteve, por exemplo, ligado à criação do vinho Soalheiro Alvarinho Primeiras Vinhas, um dos melhores brancos portugueses; tirou os vinhos do Bussaco do armário, assumindo a comercialização de parte do vinho; trouxe para a ribalta alguns produtores esquecidos da Bairrada e acabou por se instalar na região, através da compra da Quinta de Baixo, juntando-se aos apreciadores e defensores da casta Baga. Com a sua chegada, a avaliar pelos primeiros vinhos que já fez, a Bairrada ganhou um novo referente. Dirk também se deixou perder de amores pelo Dão, onde tem feito alguns vinhos com Álvaro de Castro, da Quinta de Pellada, e onde, no ano passado, comprou uma propriedade.

Mas, apesar da sua propensão para fazer vinhos em regiões de que gosta, tanto dentro como fora de portas, o Douro continua a ser o seu foco principal, a sua casa. De resto, nenhum outro produtor ou enólogo tem feito tanto pela imagem da região e dos seus vinhos como Dirk Niepoort. A qualidade dos vinhos que cria, o seu poder mediático e o grande investimento que faz em provas e eventos colectivos e individuais têm atraído os holofotes da imprensa nacional e internacional para a região de uma forma nunca vista. Já merecia uma estátua.

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