O vinho: Turris Tinto 2012
A vertente wine freak de Dirk Niepoort está bem reflectida no seu portefólio. Os tintos Robustus e Charme são bons exemplos do seu inconformismo. Quando se julgava já ter criado o seu topo de gama tinto do Douro, surge com um novo vinho, o Turris, para vender a preços dos grandes vinhos franceses. Feito com uvas compradas de uma vinha velha, o Turris 2012 vai custar 125 euros e é um vinho bem diferente do típico vinho do Douro. Feito em cuba com 15% de engaço e estagiado em pipas velhas de mil litros, é um tinto pouco extraído mas muito fresco e mineral, que dá um prazer enorme a beber. P.G.
Marta Soares
Pode bem dizer-se que é fruto de um profundo caso de amor e reconhecimento que Marta Soares ganhou protagonismo no mundo do vinho. Há uns anos atrás falar-se-ia dela apenas como uma jovem artista plástica lisboeta, actividade que continua a desenvolver em conjugação com a vinicultura em Torres Vedras, na quinta da Casal Figueira, na serra de Montejunto. Sucedeu ao marido, António Carvalho, vitimado por um ataque fulminante em plena vindima de 2009, mantendo intacto o seu sonho de produzir vinhos de terroir, ou seja a mais pura expressão do fruto da videira e do contexto em que cresceu. Como António gostava: sem alterar, adulterar ou estragar.
Formado em Montpellier, na Aquitânia francesa, António viu na proximidade atlântica e nas encostas viradas a Norte da serra de Montejunto o local ideal para uma espécie de laboratório de castas brancas de origem francesa, que acarinhava com um cultivo baseado na filosofia biodinâmica.
Para lá das experiências, António e Marta foram também responsáveis por uma espécie de ressuscitação da casta branca Vital, que estava já praticamente extinta. É com essa coragem, mas também com um talento e abnegação que lhe seriam, eventualmente, desconhecidos, que Marta cria actualmente alguns dos vinhos mais naturais e distintivos que se engarrafam no nosso país.
E nem se pense que se trata apenas de uma bonita história de amor e reconhecimento, já que Marta entregou-se e tal forma à actividade que vai para lá do cultivo, da vindima ou do trabalho de adega. Usou a criatividade e sensibilidade de artista para lançar vinhos com rótulos que homenageiam o labor de António e é vê-la também em feiras e exposições, fazendo com que belos vinhos sejam também a expressão de um singular caso de amor e reconhecimento.
O vinho: António 2012
Provámo-lo na edição deste ano do Simplesmente Vinho e ninguém pode ficar indiferente à frescura mineral que parece entranhar-se pelo corpo. Para lá da homenagem ao trabalho de António – que o país vitícola deve agradecer -, é colhido em condições singulares e trabalhado com um quase espírito de devoção. Videiras velhas e muito velhas dispersas pelas encostar pedregosas e uma uva que tende a oxidar rapidamente, obrigando a que a vindima seja acompanhada com uma carrinha frigorífica. Ainda mais raro e delicado, o colheita tardia proveniente das mesmas cepas e que faz lembrar alguns ice wines canadianos. JAM