Fugas - Vinhos

Nuno Alexandre Mendes

Recomendações de Verão

Por Rui Falcão

O Verão chegou, mesmo se o sol e o calor continuam a exibir-se de forma intermitente e sem o mesmo fulgor de outros anos, e as férias são uma realidade para uma imensa maioria de portugueses.

Com crise ou sem ela, com mais sacrifícios ou sem dificuldades de monta, mais próximo de casa ou em destinos mais exóticos, a maioria dos portugueses estará agora a banhos numa das muitas praias marítimas ou fluviais que se distribuem de forma quase uniforme pelo território nacional.

O tempo quente apela a vinhos mais frescos e directos, sobretudo vinhos brancos e rosados, estilos que ganham um protagonismo agravado durante esta época estival. A comida mais leve e os ingredientes também eles mais subtis e frugais sublinham esta súbita conversão aos vinhos brancos e rosados que costuma marcar os meses de Julho, Agosto e Setembro. Acabado este curto período de subversão aos costumes, a maioria retornará às graças do vinho tinto, remetendo brancos e rosés para a simples condição de acompanhante de entradas ou para um papel de iniciação, de preparo de boca antes da entrada do vinho principal.

Não será ocasião para voltar a predicar sobre as qualidades intrínsecas dos vinhos brancos portugueses, sobre a sua versatilidade e sobre a riqueza e originalidade das castas nacionais, sobre a existência de diferentes estilos de vinhos brancos que se adaptam na perfeição às quatro estações do ano e aos diferentes ingredientes de cada época. Será antes oportunidade para aproveitar a quadra de preferência pelos vinhos brancos para sugerir alguns rótulos que se destacam por diferentes circunstâncias e condições, tornando-os perfeitos para estes meses de Verão.

O tempo quente reclama frescura, exige acidez, reivindica mineralidade e viço, palavras que estão intimamente associadas à região do Vinho Verde. Num passado ainda recente, de que alguns ainda não descolaram, associava-se Vinho Verde a vinhos simples e com alguma agulha, vinhos frisantes e de gosto marcadamente acídulo, características que deixaram hoje, felizmente, de ser norma na denominação de origem. Muitos dos grandes vinhos brancos portugueses, de todos os feitios e de todas as categorias de preço, nascem nesta região do Vinho Verde.

Entre eles contam-se os vinhos da casta Alvarinho, uma das cinco grandes variedades brancas do mundo. Os melhores continuam a nascer no extremo nordeste do Minho, na sub-região de Monção e Melgaço, no berço do Alvarinho. É aqui que a casta mostra os melhores resultados e maior afinidade, é aqui que a compreendem melhor e que sabem tirar melhor partido das suas virtudes. Entre os grandes da região contam-se os vinhos Soalheiro, tanto na versão clássica como nas edições mais luxuosas e menos fáceis de encontrar, conhecidas como Soalheiro Primeiras Vinhas e Soalheiro Reserva. Prefira o primeiro para os dias mais quentes e guarde os dois últimos para os meses de transição ou para o frio do Inverno. Na sub-região há ainda que olhar com atenção para vinhos de produtores tão interessantes como Quintas de Melgaço, especialmente o Quinta de Melgaço Vinhas Velhas, Reguengo de Melgaço, Quinta do Regueiro, Dona Paterna, Deu-la-Deu ou os nem sempre fáceis de encontrar Alvaianas e Rebouça.

A casta Loureiro é a outra grande estrela da região, destinada a transformar-se numa das estrelas das variedades brancas nacionais. Reconhecer o produtor Quinta do Ameal como o representante mais seguro, mais crente nas suas virtudes e aquele que melhor representa a casta é da mais elementar justiça. Os vinhos encontram-se num patamar qualitativo superior e são a referência de facto pela qual todos se regem. Afros é outro dos grandes promotores da casta, um produtor que tem vindo a prosperar qualitativamente em cada nova vindima, apresentando não só Loureiros excelentes como vinhos tintos da casta Vinhão de uma pureza e frescura surpreendentes. Mas não poderia deixar de mencionar nomes da região igualmente excitantes e produtores de qualidade, com estas e outras castas da região, produtores como Quinta de San Joanne, Adega Cooperativa de Monção, Casa do Valle, Quinta da Lixa, Casa de Oleiros, Quinta de Gomariz ou Tormes.

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