Vencer estes preconceitos exige o tal trabalho de proximidade com os clientes que, defende Casimiro Gomes, só é possível estando nos países. Aí aprende-se também muito mais sobre as preferências dos diferentes consumidores, e é possível ir afinando a oferta, e a própria produção.
João Paulo Gouveia, accionista fundador da LusoVini, é também produtor da região do Dão e faz aquela que é uma marca de referência da empresa, o Pedra Cancela. Também ele defende que é fundamental “estudar os mercados, percebê-los” e adaptar as referências aos diferentes gostos. “O mercado africano, por exemplo, prefere vinhos com mais álcool do que o da Europa do Norte, que procura mais fruta, mais elegância, por isso na nossa produção temos ligeiras diferenças de lote. Sabemos que não podemos condicionar muito os mercados.”
Mas, acima de tudo, os vinhos portugueses têm uma grande vantagem, explica o produtor: “São vinhos muito gastronómicos, e, como temos vinhos muito diferentes uns dos outros, adaptam-se às diversas gastronomias. No caso do Pedra Cancela, são vinhos versáteis, frescos, com bastante acidez. E como [Angola, Moçambique ou o Brasil] têm cozinhas fortes, que usam muito especiarias, os vinhos com acidez têm vantagem a relação a outros.”
Tanto Casimiro Gomes como João Paulo Gouveia frisam um ponto:“O mundo está à procura de novas sensações, e Portugal pode dar isso. Estes vinhos diferenciados são hoje muito valorizados”, diz o produtor. “Quando orientamos um vinho para uma gastronomia, os portugueses são imbatíveis”, acrescenta Casimiro.
Por isso, nada melhor para começar do que mostrar como das mais de 70 referências da LusoVini há, entre brancos, tintos, rosé, espumante e Porto, vinhos para acompanhar as criações em que Vítor Sobral cruzou influências da lusofonia – da presa de porco preto com puré de cogumelos e beringela e farofa de espinafres, a uma caldeirada de cabrito à angolana, para terminar com um pudim de coco com compota de ananás.