Fugas - Vinhos

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O regresso triunfal da Sogrape ao “Velho Mundo” do Vinho

Para tratar das contas da LAN, a Sogrape destacou o jovem financeiro Tiago Serra. Foi a única nova incorporação vinda de Portugal. Todos os outros trabalhadores da empresa, espanhóis na sua maioria, se mantiveram nos seus postos. Henrique Abiega continua a ser o director-geral e Maria Barua mantêm-se à frente da enologia. “É uma sorte termos um accionista que não está de passagem”, confesa Amaya, relações públicas na LAN. José Lopes é o mais entusiasmado. Os novos patrões são portugueses como ele e a admiração é mútua, como se viu durante a visita à Viña Lanciano, com direito a piquenique matinal para um primeiro contacto com os vinhos da companhia. Afinal, o vinho é o lugar e as pessoas que o fazem. A prova a sério veio a seguir.

Crianza e outras menções

Não deve haver no mundo região que cultive tanto o estágio de vinho em barricas como a Rioja. A prática decorre do próprio regulamento da denominação de origem, que associa o uso das principais menções de qualidade a estágios mínimos em barrica. O sistema pode parecer arcaico e contribuir para uma certa uniformização dos vinhos riojanos, agravada pelo facto destes assentaram basicamente numa casta, o Tempranillo (que em Portugal dá pelo nome de Tinta Roriz ou Aragonez). Mas também grandes virtudes. Impede que os vinhos saiam demasiado cedo para o mercado e protege o prestígio das três principais menções de qualidade, evitando a degradação dos preços. Encontrar um Gran Reserva a pouco mais de dois euros a garrafa, como acontece no Douro, é impossível na Rioja. No Douro, a classificação é atribuída através de avaliação sensorial. Muitas vezes, o que aos provadores oficiais é um vinho com estágio em barrica corresponde apenas a um vinho que só contactou com aduelas ou aparas de madeira.

Na Rioja, para um vinho tinto poder ostentar a classificação Crianza tem que passar pelo menos um ano em barrica e outro em garrafa. Os Reserva só podem sair para o mercado ao fim de três anos e depois de estagiarem no mínimo um ano em casco. Por fim, os Gran Reserva terão que passar, no mínimo, dois anos em barrica e três em garrafa.

Viña Lanciano, Lan a mano, Culmen e outros grandes vinhos

A ideia da prova preparada por Maria Barua, a enóloga das Bodegas Lan, era dar a conhecer a gama principal da companhia, mas o exercício permitiu também ficar com uma melhor percepção sobre o perfil e valor enológico das principais variedades tintas da Rioja. Pelas amostras de vinhos estremes de Tempranillo, Mazuelo e Graciano da colheita de 2014, uma das menos exaltantes dos últimos anos, deu para perceber, por exemplo, que existe uma grande afinidade vegetal e tânica do Graciano com o Cabernet Sauvignon; que o Mazuelo origina vinhos robustos e com grande acidez; e que o Tempranillo se destaca pela exuberância do seu aroma a fruta vermelha e a fruta do bosque. 

A prova foi também reveladora do estatuto premium das Bodegas Lan. O vinho DOC Rioja mais barato, o Lan Crianza, tem um PVP de 7,5 euros e a sua produção ascende a dois milhões de garrafas. O Lan Reserva custa 11,75 euros e o Lan Gran Reserva 17 euros. No meio situam-se o Lan D-12 (14 euros) e o Viña Lanciano (15 euros). No topo estão o Lan a mano (28 euros e uma produção de perto de 40 mil garrafas)) e o Culmen (40 euros e uma produção de cerca de 20 mil garrafas). Todos tintos. 

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