Fugas - Vinhos

  • Lan Finca Via Lanciano
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O regresso triunfal da Sogrape ao “Velho Mundo” do Vinho

Como é normal, os vinhos com mais idade ou de “finca” (provenientes de parcelas especiais) são os mais empolgantes. Uma excepção é o Lan D-12 de 2012, um vinho com origem em duas parcelas diferentes de Rioja Alta e Rioja Alavesa, não é excepção. Pleno de fruta vermelha e delicadas notas florais, está cheio de nervo e frescura, com taninos firmes e sedosos e um final longo e apimentado. Outra boa surpresa foi o Viña Lanciano Reserva 2010 (agora com nova roupagem), provado na própria vinha e que se distingue pela sua singular frescura mineral e frutado suculento. A avaliar por um Viña Lanciano 1996 que provámos posteriormente à mesa, é vinho para envelhecer muito bem. 

Da prova do Lan Reserva 2008 e do Lan Gran Reserva 2007 ficou claro que um ano a mais de barrica e outro de garrafa podem fazer toda a diferença. Ambos são muito bons, mas o Gran Reserva (200 mil garrafas) é mais balsâmico e sedoso. Bastante estruturado e volumoso, tem um ataque de boca magnífico, em que mostra as garras, terminando de forma muito fresca. 

Está um pouco na linha do Lan a mano, embora o que provámos, da colheita de 2011, seja mais robusto e carnudo, com grande presença de fruta do pomar e do bosque, especiarias, notas balsâmicas e minerais. Um vinho imponente e de largo espectro sensorial, mas não tanto como o Culmen Reserva 2010. No aroma, um toque de verniz sugere acidez volátil um pouco alta (desmentida pelas análises, segundo assegurou Maria Barua), mas não é nada que comprometa o balanço geral. Se não passar do ponto, a acidez volátil aviva o aroma e torna ainda mais exaltante a prova. De resto, o que fica na memória é a grande complexidade do vinho, o seu carácter muito mineral e especiado, a sua solidez tânica e o seu frescor e final longo.

Uma cave de barricas única no mundo

Só olhando desde um ponto mais elevado é que se fica com uma ideia mais aproximada da imponência e singularidade da cave de barricas da LAN. Numa nave de 6.400 metros quadrados com tecto abobadado de madeira estendem-se cerca de 20 mil barricas geometricamente alinhadas e assentes em estruturas de ferro móveis. O sistema permite amontoar barricas em pilhas de mais de dez níveis, separadas apenas pelos carris dos dois guindastes gigantes que movimentam os cascos. É uma imagem mais apropriada a um estaleiro naval do que a uma adega, onde é raro encontrar um nível de automatização tão elevado. Concebida por dois engenheiros de Logroño, o sistema de gestão da cave de barricas da LAN é, de resto, pioneiro no mundo. A nave e toda a maquinaria instalada foram projectadas para acolher perto de 60 mil barricas. O mais extraordinário é que bastam três a quatro pessoas para fazer todo o trabalho, incluindo trasfegas e limpezas regulares de barricas. 

Na Rioja, há empresas com mais barricas do que a LAN. Campo Viejo, por exemplo, possui 80 mil barricas com vinho. Mas nenhuma se aproxima do mesmo grau de inovação e de eficiência. A LAN foi também a primeira empresa da Rioja a utilizar barricas mistas, com aduelas de carvalho americano e tampos de carvalho francês. Só na capacidade dos cascos é que a opção tem um carácter mais tradicional. Todos os cascos são de 225 litros, que é o volume exigido para os produtores poderem usar as menções Crianza, Reserva e Gran Reserva.

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