Fugas - Vinhos

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    Os jurados LARA JACINTO/NFACTOS
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    Os resultados do painel de prova

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Nos brancos para o Verão, a vitória foi para um Moscatel Galego

O modelo de prova obedeceu aos critérios da Organização Internacional do Vinho (OIV), que contempla pontuações numa escala de zero a 100. Os copos escolhidos foram da marca austríaca Riedel. Na prova estiveram representados três vinhos do Douro, dois do Alentejo, dois da região dos Vinhos Verdes, um vinho do Dão, um vinho da Península de Setúbal (o Quinta de Camarate que, por curiosidade, também integra no lote Moscatel Galego) e um bairradino que, no entanto, é comercializado com a denominação de origem Beiras. As castas utilizadas nestes vinhos são muito diversificadas. Só o Vallado Prima, o Ribeiro Santo (da casta Encruzado), o Muros Antigos e o Senhoria (dois Alvarinho) eram monocastas.

A prova iniciou-se pelas 11h30. Teve lugar numa das salas do espaço Caves 1890 da Graham’s, com vista para o Porto histórico, o rio Douro e a zona das caves de vinho do Porto de Gaia. Na primeira parte, os vinhos, ordenados de forma aleatória, obtiveram em geral uma média de pontuação mais alta – o Vallado obteve 720 pontos, enquanto na segunda parte se ficou pelos 694, por exemplo. Mas a diferença entre o mais e o menos pontuado foi maior nesse momento – uma diferença de 86 pontos, contra 41 na hora do almoço. A maior diferença na atribuição de pontuações a um vinho (24 pontos) aconteceu no segundo momento da prova, na apreciação do Luís Pato Vinhas Velhas de 2013. No primeiro momento, o mesmo vinho repartiu com o Ribeiro Santo a votação mais extrema (21 pontos).  

Nos dois primeiros lugares do concurso ficaram dois vinhos extremes, um de Moscatel Galego, outro de Encruzado. Mas se a casta do Dão já se pode incluir no lote das mais apreciadas na nova geração dos brancos portugueses, o Moscatel é ainda uma variedade que suscita muitas divergências. Curiosamente, o Alvarinho, que é por regra considerada a grande casta portuguesa para brancos, teve um comportamento que oscilou entre o razoável e o sofrível. Obteve uma quarta posição com o Muros Antigos, de Anselmo Mendes, e o último lugar, ocupado pelo Senhoria, um Alvarinho da Idealdinks, um vinho muito frutado e com boa acidez que passou melhor o teste da comida do que no teste a solo.

Em termos regionais, o protagonismo foi muito variado. O Douro conseguiu a primeira, a quinta e a penúltima posições; o Alentejo variou entre o terceiro e o sexto lugar, com um vinho de João Portugal Ramos (o Vila Santa) e o Herdade dos Grous. O Vila Santa ficou a um ponto do vencedor na primeira parte da prova, mas no confronto com a comida caiu para a quarta posição.

Ainda assim, apesar destas variações, convém notar que a pontuação global destes vinhos os coloca, nos parâmetros da OIV, entre o muito bom e o excelente. E se a diferença entre o primeiro e o último é de oito pontos, a disputa entre os seis vinhos que ficaram na parte final da tabela foi muito renhida. Com mais 1,6 pontos, o Senhoria ficaria não em último mas em quinto lugar.

Se uma comparação entre a prova do ano passado e a deste ano fosse prova cabal sobre o estado de evolução dos vinhos brancos portugueses, poder-se-ia afirmar que eles estão bem, e recomendam-se. Entre os dez brancos do ano passado e os dez vinhos deste ano, as médias de 2015 foram bem mais positivas. No ano passado, o branco mais pontuado, o Prova Régia Premium obteve 86.7 pontos, menos 0.7 pontos do que o vencedor deste ano. E o vinho menos pontuado, o Gomariz Colheita Seleccionada Avesso, ficou-se pelos 77.7 pontos, menos 2.7 pontos do que o último vinho desta edição da prova.

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