Fugas - Vinhos

Vinho Verde puxa pelas exportações

Por José Augusto Moreira

Também a nível interno o Vinho Verde aumenta preços e vende cada vez mais. Exportação de brancos chega a mais de cem países e já absorve mais de metade da produção.

As exportações de Vinho Verde não param de crescer e o último ano vai fechar batendo todos os recordes. Os números conhecidos ainda não incluem os meses de Novembro e Dezembro, mas é claro um significativo aumento de vendas. Mais prometedor para a região é que em todos os mercados, incluindo o interno, o aumento de preços é igualmente significativo.

Até ao final de Outubro a região tinha registado um valor de 51,7 milhões de euros em vendas ao exterior, correspondendo a pouco mais de 22 milhões de litros, ou seja, mais de 40% do negócio total da região. Interessante é notar que, tendo em conta apenas os brancos, os números ultrapassam já a metade da produção.

Com todo o stock praticamente esgotada ainda antes da vindima, os responsáveis da CVR (Comissão Vitivinícola Regional) apostam sobretudo no aumento da produção para poder continuar a crescer. “Ainda por cima foi uma boa vindima, com qualidade e quantidade para podermos crescer em 2016”, como sublinha o presidente, Manuel Pinheiro.

Por mercados, o panorama não poderia ser mais animador, já que são precisamente os países onde os vinhos são vendidos a preços mais elevados aqueles onde mais tem crescido o consumo dos verdes. Os EUA lideram a tendência, tendo-se tornado já no principal mercado. Até Novembro as vendas rondavam os 12,5 milhões, correspondendo a um aumento de 31% face ao total de 2014. E com um aumento médio de preços na ordem dos 10%.

Muito interessante é também a tendência no Norte da Europa, onde as vendas para a Suécia cresceram 36%, com a particularidade de neste país, e à semelhança do que acontece nos EUA, se venderem apenas os vinhos de maior qualidade e valor.

Com as mesmas características, o Canadá registou um crescimento de 16% e a Suíça de 2,2%. Alemanha e França seguem-se aos EUA como principais mercados, mas enquanto os baixos preços e grandes volumes continuam a dominar na Alemanha, já em França assiste-se a uma mudança de tendência, com a venda dos vinhos de maior valor a crescer de forma significativa.

Os brancos representam o grosso das vendas da região (79%) e Manuel Pinheiro assinala também como muito positivo o crescente incremento das vendas de vinhos varietais, sendo que os que mais crescem são os das castas Alvarinho e Loureiro, ambas acima na ordem dos 15%. Ora, são precisamente estas as que atingem maior valor de mercado.

Manuel Pinheiro valoriza também a crescente afirmação dos rosados, cujas vendas representam já mais de 5%, assinalando o anormal crescimento dos espumantes, que passaram no ano passado de 38 para 158 mil litros. Uma situação excepcional que decorre da abertura da produção ao método de cuba fechada (Charmat), o que permitiu às empresas da região com mais capacidade de produção entrar no mercado concorrencial das grandes superfícies.

O patinho feio da região continua a estar nos tintos (menos 13% de vendas), que tem um mercado de características muito étnicas e tem sido um travão à qualidade e modernização, sobretudo dos vinhos da casta Vinhão. Com a boa vindima da última colheita, os responsáveis pela CVR esperam começar a inverter a tendência, iniciando um caminho de valorização da casta.

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