Nesta sua nova fase da vida, os Olazabal estão bem no Douro. Xito e a família continuam por lá. Há netos que nasceram na quinta e já se habituaram aos aromas do vale na Primavera ou aos pássaros (há mais de 100 espécies na quinta) que tanto impressionaram o avô. “Depois de cinco gerações, tenho netos durienses. Do coração”, diz Francisco Olazabal com um sorriso largo. Hoje com 68 anos, Vito, como é conhecido no sector, está por isso bem com a vida. O Vale Meão está bem e “pode ir agora mais longe”. Numa tarde escura, entre o barulho da chuva e o chilreio dos pássaros, recosta-se no sofá numa das salas da quinta e confidencia: “Sou um homem com sorte”.
Os vinhos que nascem no meandro
O vinho icónico do projecto dos Olazabal é sem dúvida o Vale Meão, mas na estratégia da empresa houve outras apostas certas e há iniciativas que prometem dar que falar no futuro próximo. Actualmente, das cerca de 250 mil garrafas produzidas na quinta, o Vale Meão representa cerca de 30 mil e o Meandro, a segunda marca da casa, por volta de 200 mil. Pelo meio há o Monte Meão Touriga Nacional e os vinhos do Porto. E em breve haverá novidades. Um Tinta Roriz extreme e… um Baga.
A base dos vinhos da quinta continua a ser a casta Touriga Nacional. Nos 85 hectares de vinha do Vale Meão, e esta casta que domina os encepamentos, juntamente com a Touriga Franca e a Tinta Amarela. Para lá do Monte Meão varietal, a casta-rainha do país faz parte de mais de 50% do lote do Vale Meão. Mas as plantações mais recentes permitiram a Xito Olazabal, um dos mais reputados enólogos da sua geração, outras opções. Entre as castas disponíveis há agora variedades como a Tinta Francisca, a Tinta da Bairrada (a Baga), a Cornifesto ou a Rufete.
Contrariando alguns indícios do princípio da carreira, Xito Olazabal devota uma crescente atenção ao vinho do Porto – um fenómeno que alastrou aos jovens enólogos que mudaram o mapa dos DOC Douro na década de 1990. O Vale Meão tem 300 mil litros de vinho do Porto em envelhecimento. Em breve começará a reforçar a sua dimensão como casa de vinho do Porto. O que já se conhece, promete. Experimente-se o Vale Meão Vintage 2000, por exemplo. Um vinho notável. Como que a confirmar que, com uma vinha como a do Meão, o difícil mesmo é fazer vinho mau.