Fugas - Vinhos

  • Adriano Miranda
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A nova geração que está a dar a volta à Aveleda

O cumprimento do plano, porém, não dispensa apostas fora da região dos Verdes. A médio prazo, a Aveleda espera que os vinhos tintos representem 15% do seu volume de negócio e, para lá chegar, é preciso percorrer uma longa distância. “Estrategicamente faz sentido irmos para outras regiões”, diz António Guedes. A bem dizer, nos planos da empresa não estão regiões inexploradas. Há anos que a Aveleda aposta no Douro, com a marca Charamba, ou com a aquisição do projecto Seis Quintas, em 2016. De resto, a empresa está desde 1998 na Bairrada, após a compra da Quinta da Aguieira. Mas, “nunca houve propriamente uma estratégia para irmos para outras regiões. As oportunidades apareciam e nós íamos avançando, apenas”, diz António Guedes.

Talvez por essa razão, as experiências fora dos vinhos Verdes não foram propriamente um sucesso. Na Bairrada, os Grande Follies mereceram várias vezes a atenção da imprensa nacional e internacional, mas, no essencial, “o projecto está em stand-by”, reconhece António Guedes. “O potencial da Aguieira é enorme. Um dia provámos um tinto de 1940 que estava excelente”, nota o gestor, mas a Bairrada “é uma região com notoriedade baixa”. Até porque se o terroir da propriedade é propício a castas como a Touriga Nacional ou a Cabernet Sauvignon, não é muito favorável à variedade emblemática da região: a Baga.

No Douro, a marca Charamba chegou a ser um sucesso monumental. “Em tempos chegámos a vender 1.1 milhões de caixas”, lembra António Guedes. Hoje, vendem-se umas 15 mil, 90% das quais no estrangeiro. “Por volta do ano 2000 tivemos dificuldades com o abastecimento”, explica o gestor. É por isso que a estratégia da empresa passa pela aquisição de terra no Douro – fontes do sector falam de negociações para a compra da Quinta do Vale de D. Maria, da família de Cristiano Van Zeller, mas quer proprietário, quer o suposto interessado na compra mantêm uma cortina de silêncio sobre esta questão. “O Douro tem crescido 15 a 16% ao ano e na exportação é a região portuguesa com mais ‘sex appeal’, o que resulta da sua notoriedade e garante bons preços médios”, diz António Guedes. Com a chancela do Douro e uma marca de prestígio, a Aveleda poderia então apostar a sério nos “vinhos de nicho”. “É difícil a uma grande empresa encontrar legitimidade do consumidor para fazer este tipo de vinhos”, nota António Guedes.  

Mantendo firme a aposta nos grandes volumes de marcas de combate como a Grinalda ou a Casal Garcia, o ambicioso plano dos primos Guedes conduzirá a Aveleda para uma dimensão completamente diferente da actual. No horizonte, há a ambição de criar marcas capazes de colocar, finalmente, a companhia no segmento dos grandes vinhos nacionais. Nos Verdes, mas também no Douro ou na Bairrada. E quando e se isso acontecer, a Aveleda deixará de ser apenas uma grande do Minho. Ocupará então um lugar ao lado das empresas multiregionais onde está a Bacalhoa, a João Portugal Ramos, a Global Wines ou a Sogrape de outro ramo da família Guedes.   

Área de vinha duplica em três anos

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