Fugas - Fugas Com Astérix

  • Jean-Yves Ferry
    Jean-Yves Ferry Nuno Ferreira Santos
  • Capa portuguesa para
    Capa portuguesa para "Astérix entre os Pictos" ©2013 LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ/GOSCINNY-UDERZO

Um novo álbum para recuperar «o que sentimos ao ler as histórias pela primeira vez»

Por João Miguel Lameiras

Entrevista com o autor do novo álbum de Astérix,"Astérix entre os Pictos", com lançamento mundial a 24 de Outubro

Jean-Yves Ferry diz que será um "álbum de transição suave" do passado para o futuro dos irredutíveis gauleses. Desta vez, Astérix e o inseparável Obélix vão à Escócia. O resto é mantido em absoluto segredo até à data do lançamento. Ferry só revela uma coisa: tudo irá acabar, como sempre, num grande banquete na aldeia gaulesa.

Desenhador e argumentista, nascido em 1959, tal como Astérix, o francês Jean-Yves Ferry é o responsável pelo argumento da nova aventura do irredutível gaulês e dos seus companheiros que, pela primeira vez, não conta com nenhum dos seus criadores como autor. Astérix entre os Pictos,o 35.º álbum da série, é publicado a nível mundial no dia 24 de Outubro (sairá em Dezembro, numa versão em capa mole, com o PÚBLICO, integrado na colecção Astérix à Volta do Mundo). Ferry, que passou por Lisboa em Setembro, para a apresentação da colecção, falou à Fugas deste importante desafio e da sua experiência como sucessor de Goscinny no argumento de umas das mais populares séries da BD mundial.

Nasceu em 1959, precisamente o mesmo ano em que a série Astérix começou a ser publicada na revista Pilote. Vê o facto de ser escolhido como o novo argumentista de Astérix como uma simples coincidência ou um sinal do destino?

O mais engraçado é que também o desenhador, Didier Conrad, nasceu em 1959. Por isso, talvez o próprio Uderzo tenha visto nisso um sinal de que seríamos as pessoas certas para continuar Astérix.

Como é que foi escolhido para ser o novo argumentista?

Fui contactado pela editora Hachette (que detém os direitos da série desde 2011), tal como vários outros argumentistas, para apresentar uma proposta para uma história. O processo foi rodeado de grande secretismo, tendo sido obrigado a assinar uma cláusula de confidencialidade, que não me permitia contar a ninguém, nem à minha família, o que estava a fazer. As diversas propostas foram apresentadas, sem indicação dos autores, a Uderzo, que escolheu uma, que por acaso era a minha.

Considera-se um fã de Astérix?

Claro! Tanto eu como o Conrad fazemos parte de uma geração que cresceu a ler BD nas revistas semanais como o Tintin, Spirou e Pilote. Por isso, conhecíamos perfeitamente todos esses heróis e temos uma ligação afectiva com o Astérix, o que faz com que abordemos a série de um modo algo particular. O nosso objectivo, com este álbum, é recuperar aquelas impressões de infância, que sentimos ao ler as histórias pela primeira vez.

Por isso, procurei que este álbum estivesse na linha de alguns dos meus álbuns preferidos da década de 70, como o Astérix Legionário, O Escudo de Arverne, Astérix na Hispânia, ou Astérix na Córsega. Que fosse uma homenagem a esses álbuns que tanto me marcaram. Posteriormente, espero conseguir impor o meu cunho próprio à série, mas este ainda é um álbum de transição. Uma transição suave, marcada pela minha admiração pela escrita de Goscinny.

O tema do novo álbum, os Pictos e a Escócia, Foi ideia sua ou sugestão de Uderzo?

Foi ideia minha. Tive inteira liberdade na criação da história. Entreguei uma primeira sinopse de uma página e quando foi aprovada comecei a escrever o argumento. Como também sou desenhador, fiz também umstory board com a planificação da história, quadrado a quadrado, para o desenhador seguir.

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