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Uma sentinela a vigiar o mar

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O rio Mondego desagua na Figueira da Foz e a norte desta cidade uma elevação calcária, ponto noroeste da serra da Boa Viagem, forma um penhasco com 250m de altura, quase vertical, sobre o mar e a costa. Neste ponto alto com a costa a espalhar-se para sul e para norte, a função de vigia foi naturalmente adoptada e mal se viam embarcações suspeitas de pirataria na parte sul era hasteada uma bandeira para avisar a população da parte norte deste penhasco e vice-versa. Naturalmente o sítio passou a chamar-se Miradouro da Bandeira e dali se avista toda a planície costeira que parece desenhada em arco de areia e espuma do mar em linha branca, seguida de uma densa floresta para o interior, formando a região da Gândara.

Associado a este miradouro temos a figura de um empenhado regente florestal de Leiria, Manoel Alberto Rei (1872-1943), que, por iniciativa própria, propõe transformar a serra da Boa Viagem numa zona turística e consegue motivar quem decide. A florestação inicia-se há 100 anos (1913), é aberta a estrada entre Buarcos e é construído o abrigo de montanha que hoje é um restaurante. Não admira que tenha pertencido à Comissão de Estética da Câmara da Figueira da Foz e vale a pena ler a sua clara intenção e a sua sabedoria em relação a este sonho de tornar a costa mais bonita através das árvores, dos percursos e apoios turísticos. Um visionário inspirador para o nosso conturbado tempo pós-industrial. “Eu sabia, tanto como agora, que a semente uma vez lançada à terra, jamais deixará de, pelo menos em esfôrço colectivo, fazer brotar mananciais de riqueza que o homem inteligente pode fazer canalizar em proveito da melhoria das suas condições de vida. E assim foi que, iniciando em 1913 os trabalhos de arborização, se fizeram as estradas que hoje atravessam a Serra em tôdas as direcções e se cobriu de verdes pinheiros os montes e as planícies que para norte e para sul, não passavam de extensos e estéreis areais.” (Rei, Manuel A., Sexta reunião Magna de Rotários Portugueses, Figueira da Foz, 1941).

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