Fugas - hotéis

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O embalo da alfazema

Em meados de Junho, elas já estão crescidas. As flores já espreitam dos tufos verdes, pintando ligeiramente a paisagem. Estêvão, de chapéu e luvas protectoras, passa o dia à volta delas, a mirar-lhes o crescimento, a adivinhar-lhe necessidades, a descobrir o melhor ângulo para a próxima fotografia. Em Julho é que as lavandas devem estar floridas em todo o seu esplendor, transformando os campos em filas certinhas de azul-lilás.

Quem escolher dormir na Quinta das Lavandas pode passear pelos campos até se cansar — são seis hectares —, experimentar colher as alfazemas, ver como Teresa transforma a planta em rocas perfumadas ou aproveita as suas flores para encher sacos feitos de chita e aprender com qualquer um dos membros do casal a diferença entre lavandula angustifolia e lavandim grosso bleu. Também podem visitar o alambique que Teresa e Estêvão, cansados da vida de Lisboa, construíram de raiz e onde se extraem os óleos essenciais das plantas ali cultivadas. E, se já se fartou da alfazema ou do rosmaninho do jardim, não precisa de sair da quinta. 

Há zonas pedregosas para escalar, caminhos de terra para explorar (que tanto o podem levar a uma das manchas de carvalhos dos terrenos como às colmeias que estão instaladas num recanto escondido), pomares que o casal está a desenvolver e uma vinha que, um destes dias, há-de dar frutos.

O mundo está longe
Teresa e Estêvão, naturais da região de Lisboa, compraram a quinta em 2006. Sabiam que queriam desenvolver um projecto ligado à terra, de mãos dadas com a agricultura biológica, mas chegar às lavandas não foi fácil. “Demorámos dois anos a decidir o que plantar”, conta Teresa. “A ideia de receber hóspedes ainda chegou mais tarde”, acrescenta Estêvão.

De França vieram 65 mil pés de lavanda. O casal, com as vidas profissionais ligadas à gestão e à consultadoria, aprendeu tudo sobre o novo negócio desde o princípio: como plantar, como extrair os óleos essenciais, como desenvolver os produtos que já têm à venda na quinta e que vão ser também vendidos numa loja que já adquiriram no centro histórico de Castelo de Vida, como receber da melhor maneira os hóspedes que lhes batem à porta. 

A casa, com linhas direitas, está muito longe do conceito da típica casa alentejana, mas o interior moderno está cheio de apontamentos tradicionais, tornando-o deliciosamente acolhedor. Há granito de Alpalhão no chão e em parte das paredes e, na sala com a grande lareira (que os invernos também são bons para descansar longe da confusão da cidade), há mosaicos fabricados em Estremoz, que passariam facilmente por um chão centenário. Depois, há a mistura dos móveis modernos com peças tradicionais, as cores que oscilam entre o azul, o verde e o lilás, os frascos de vidro cheios de flor da lavanda, de onde salta uma fragrância leve que se vai espalhando por toda a casa.

Ao pequeno-almoço, o sumo natural de laranja, as frutas frescas e as compotas tradicionais são de beber, comer e chorar por mais. E, mesmo assim, ainda conseguimos ficar com pena de não ser já o tempo dos figos maduros, porque Estêvão já nos contou que, nessa altura, levanta-se cedo, colhe alguns dos frutos dourados da figueira junto à casa e lá vão eles para a mesa.

Nome
Quinta das Lavandas
Local
Castelo de Vide, Santiago Maior, Sítio de Vale Dorna
Telefone
245919133
Website
http://www.quintadaslavandas.pt/
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