Fugas - hotéis

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Um espaço ''com alma''

Por Ana Rita Faria ,

O Bairro Alto Hotel vive num palacete do século XVIII totalmente restaurado, situado em plena Praça Luis de Camões, em Lisboa. Desde que abriu, soma visitantes célebres e distinções. Além de quartos e espaços ínitmos cinco estrelas, propõe o restaurante Flores, um animado café bar ou um terraço quase unanimente idolatrado.

Numa reinterpretação do "antigo hotel da baixa" que ali funcionou até aos anos 80 do século passado, o novo Bairro Alto Hotel renasceu com um toque contemporâneo sem deixar de preservar seu passado romântico e as suas raízes históricas no contexto da cidade de Lisboa, especialmente como referência hoteleira internacional no centro histórico, comercial e cultural da capital.

Recuperados e conservados os elementos essenciais do desenho de Alexandre de Almeida, num projecto de reconversão de Nuno Leônidas Arquitectos, o Bairro Alto Hotel mantém seu aspecto arquitectónico original, com três andares e uma mansarda sobre a qual se abriram umas águas furtadas e um amplo terraço, de onde se avista uma das mais belas paisagens da cidade e do Tejo.

Já à entrada do lobby, o equilíbrio arquitectónico e decorativo assume o papel principal com dois grandes nichos originais em pedra de lioz amaciada de onde estão suspensas duas grandes esculturas em ferro forjado preto de autoria de Rui Chafes. Quatro imponentes arcos de pedra fazem a distribuição para a recepção e para o bar, dois deles com portas de inspiração colonial lacadas em branco que também se repetem na entrada do restaurante Flores.

Os passos dos hóspedes ecoam no pavimento veneziano de cor base ocre, marcado por um medalhão central, e dois grandes painéis de azulejos de inspiração hispano-árabe, nos vãos dos imensos janelões, revelam o estilo de antigos palácios e quintas de fresco dos arredores de Lisboa, retratando de forma minimal a multiplicidade de influências da cidade.

É por esse espaço sóbrio que a circulação de visitantes se faz, seja para o restaurante, seja para o bar, situado no nível inferior ao da Praça Camões, e onde o pé direito duplo permite uma fluidez visual complementada por um balcão redondo em madeira de zebrano e uma mesa preta de forma orgânica, desenhada em fibra de vidro, rodeada por bancos de inspiração étnica.

Um mezzanine forrado a madeira escura e decorado por peças contemporâneas, como um conjunto de cadeiras em aço e couro natural, é um prolongamento do bar e como este desfruta de uma vista ampla sobre a Praça Camões através de uma parede de vidro. Sofás, biombos, mesas japonesas, TV Plasma e uma lareira compõem um outro espaço mais intimista, com uma biblioteca recheada de livros e objectos de decoração.

As zonas de circulação que lideram o caminho aos quartos e suites apresentam uma boiserie lacada em castanha escuro, alcatifas de riscas coloridas, candeeiros contemporâneos e um belo papel de parede que criam um ambiente teatral de luz e cor, uma zona misteriosa de penumbra entre os espaços sociais e os quartos.

Inundados de luz natural vinda dos amplos janelões, os quartos têm o soalho em madeira maciça de sucupira, tapetes portugueses de lã, boiserie lacada em cores variadas - amarelo grão, branco marfim, azul acinzentado ou vermelho lacre, referências às cores que se encontram pela cidade de Lisboa. Paredes barradas em cal, com frescos de pássaros desenhados por Alexandra d"Andreia, e cortinas em seda Osbourne & Little completam o cenário interior, com uma decoração assinada pelo duo de arquitectos de interiores José Pedro Lopes Vieira e Diogo Rosa Lã.

Móveis de nogueira americana e palhinha e armários ao estilo dos tradicionais guarda-fatos abrigam todo o equipamento electrónico, inclusive um leitor de LCD e DVD, e as camas com base em madeira e cabeceira em pele pespontada ocupam o centro do quarto.

Cadeiras de trabalho que fazem as vezes de fauteuil e secretárias que se transformam em toucador são algumas surpresas da decoração, que inclui ainda uma invulgar iluminação de porcelana e aço contrastando com as mesas de apoio em ferro pintado e tampos ovais em brecha da Arrábida, numa inspiração muito aos anos 50. As casas de banho de cada quarto, com banheiras antigas, duches modernos e acessórios e torneiras cromadas dão um toque de modernidade a um ambiente intimista.

Nome
Bairro Alto Hotel
Local
Lisboa, Encarnação, Praça Luis de Camões, 2
Telefone
213408288
Website
http://www.bairroaltohotel.com
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