Fugas - hotéis

Aviz, a fénix renascida

Por Público ,

A cidade de Lisboa ganhou em 2005 um novo hotel, herdeiro de um nome mítico, Aviz. Tão lendário como o restaurante que lhe estava adjacente e que também foi recriado.

O que se pretendeu foi a recuperação da memória do Aviz. Várias gerações que cresceram a ouvir histórias sobre a qualidade e bom gosto deste centro da "high society" lisboeta da primeira metade do século XX têm agora oportunidade de experimentar o espaço na rua Duque de Palmela.

O velho Aviz foi, entre 1931 e 1962, um dos mais emblemáticos pontos de encontro da sociedade portuguesa e estrangeira, por ele tendo desfilado inúmeras personalidades de todos os quadrantes da vida política, artística, intelectual, social e económica.

Invidualidades como a rainha D. Amélia, D. Juan de Bourbón, Eva Perón, Maria Callas, Frank Sinatra, Ava Gardner ou Amália Rodrigues estiveram ligados à história do Aviz e, hoje, os seus nomes figuram em alguns dos quartos do hotel. Mas o seu mais célebre hóspede terá sido Calouste Gulbenkian, que fez do Aviz a sua casa durante os 13 anos que viveu em Portugal.

O Aviz Hotel surge da adaptação feita a um palacete que se situava na rua Latino Coelho, n.º 3, junto à avenida Fontes Pereia de Melo, no quarteirão onde se encontra o edifício do Hotel Sheraton. Foi um investimento de Joseph Ruggeroni, que chegou a ser dono do jornal O Século. O hotel tinha 25 quartos, alguns deles suites, e foi inaugurado em Novembro de 1933. Conta-se que Rugeroni aproveitava a estada de grandes paquetes em Lisboa para os visitar e deles retirar ideias para o mobiliário que ese encomendou para o novo hotel, executado depois por marceneiros italianos.

No seu auge, nos anos 40 e 50, o Aviz Hotel foi considerado pela revista Life como o mais sumptuoso do mundo. Com o início da II Guerra Mundial, o hotel viria a ser palco de inúmeras situações de espionagem internacional. Espiões e refugiados de guerra eram tratados com igual deferência, recorda a sobrinha-neta de Ruggeroni, Berenice Cisneiros, num livro que escreveu sobre as famosas receitas do restaurante do hotel. Dirigido pelos mestres cozinheiro João Ribeiro e pasteleiro Joaquim Oliveira, o restaurante atingiu níveis de qualidade e sofisticação inéditos até então em Portugal.

No início da década de 60, a família Ruggeroni chega à conclusão de que, para sobreviver, seria preciso ampliar a capacidade tanto do hotel como do restaurante. Mas as autoridades não autorizaram. Isso obrigou os donos a aceitarem uma proposta de uma empresa imobiliária para a venda do hotel e dos terrenos circundantes.

De salientar que o primeiro-minitro da altura, Oliveira Salazar, só autorizou a venda e posterior demolição do Aviz após a entrada em funcionamento do hotel Ritz, o que foi aceite pelos Ruggeroni.
Desaparecido o hotel, o investidor Carlos Monjardino compra algum do recheio, principalmente do restaurante, e reabre este último com o mesmo nome na rua Serpa Pinto, ao Chiado. Depois, passou às Amoreiras e Estoril. Fechado durante anos, reuniu-se agora finalmente ao seu hotel.

Nas palavras de Monjardino, que fez o investivemento na nova unidade na qualidade de presidente da Fundação Oriente, o objectivo é continuar a lenda do Aviz, para que ele volte a ser palco de uma degustação privilegiada e, desejavelmente, o cenário de outras tantas histórias e tertúlias. Com a ajuda de alguns antigos funcionários que ainda trabalham com os antigos chefs.

Nome
Restaurante Aviz
Local
Lisboa, Lisboa, Rua Duque de Palmela, 32
Telefone
210402000
Horarios
Todos os dias das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 22:30
Website
http://www.hotelaviz.com
Preço
30€
Cozinha
Internacional
Espaço para fumadores
Sim
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