É a vista do mar que impressiona. O hotel não parece um hotel, o portão que nos separa da estrada não tem bandeiras, placas douradas ou estrelas. E mesmo quando a porta automática nos deixa entrar, é difícil acreditar que esta é uma das jóias algarvias. Mobiliário simples, elegante, chão de tijoleira a brilhar, sofás pretos e castanhos e dois pássaros numa gaiola que chilreiam como uma banda sonora estridente.
O Vila Joya é famoso pela premiada cozinha do chefe Dieter Koschina, pela exclusividade que oferece aos clientes com poder de compra, pela semana gastronómica que todos os anos trás à Praia da Galé nomes grandes da cozinha internacional. Mas, à primeira vista, não parece nada disso.
O deslumbre só acontece quando se olha em frente, para além do hall, e se avista o horizonte e o mar azul. Só aí se percebe porque é que não são precisos luxos dourados ou entradas imponentes para fazer deste um local de... luxo. Simples. Sem manias. A luz que entra na sala, ao fundo, vinda do mar, é aproveitada em cada quarto ou esquina do hotel, envolvendo o edifício de uma ponta à outra. Klaus e Cláudia Jung vinham passar férias ao Algarve no que é hoje o Vila Joya.
A casa abandonada, com vista sobre o mar e comprada em 1978, foi transformada num recanto privado à volta de uma pesada e imponente mesa de mármore. Quando visitaram pela primeira vez a velha mansão, o agente imobiliário avisou: "Há um problema. Está uma mesa na sala que não é possível retirar". A peça parece ter nascido com a casa e "foi por ela que ficaram", lê-se no "Book of Joy - A Tribute to Claudia", editado em 2007 para comemorar os 25 anos do Vila Joya. Hoje a mesa serve de apoio no restaurante onde são servidos os pequenos-almoços e as refeições.
Cláudia já tinha a ideia de, um dia, ter um pequeno hotel de charme. A casa de férias foi-se abrindo aos hóspedes, com obras de melhoramento e adaptação. As primeiras reservas foram feitas por clientes alemães e austríacos e o hotel abriu portas em 1982. Cláudia, que morreu há cerca de 13 anos, nunca viveu em Portugal e hoje é a filha Joy (daí o nome Joya) que gere a unidade.
São 20 quartos, todos com vista para o mar, spa, ginásio, court de ténis, cave de vinhos, restaurante, piscina exterior aquecida e acesso directo à praia. Um pequeno mundo longe dos olhares indiscretos. É também a única unidade hoteleira da família Jung (Klaus Jung é economista e tem negócios em vários sectores). Os clientes ficam, em média, dez dias. Têm mais de 40 anos, são golfistas vindos da Europa, Canadá e Estados Unidos, mas há cada vez mais portugueses a frequentar o hotel. De proeminentes políticos, actores de televisão, jogadores de futebol a modelos, todos já passaram por aqui.
Os desejos são ordens
"Aqui, todos os desejos são ordens", garantiu à FUGAS Anabela Justo, funcionária no Vila Joya. Se o hóspede quiser, um barco vem buscá-lo directamente à praia para um passeio no Verão. O limite é o poder de compra. Por exemplo, um cliente reservou o hotel só para si durante quatro dias e quis montar um casino junto à piscina. O mesmo hóspede, habitual da casa, também pediu um jantar com espectáculo de magia. As excentricidades de quem pode pagar incluem, por exemplo, pedir 12 garrafas de Don Perignon Magnum. Seria fácil se fosse possível comprar o champanhe em Portugal. Não é. As garrafas - podem custar cerca de 300 euros cada - foram encomendadas nos Estados Unidos e no Canadá e viajaram até Albufeira.
- Nome
- Hotel Vila Joya
- Local
- Albufeira, Guia, Praia da Galé - Apartado 120
- Telefone
- 289591795
- Website
- http://www.vilajoya.com
