Fugas - hotéis

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Grande Hotel do Porto

Esta é uma requalificação que equivale quase a um processo arqueológico. Neste hotel há "camadas de história", explicam os arquitectos, e há um armazém de "pequenas pérolas", tesouros reaproveitados que vão novamente "vestir" o hotel, desde mobiliário a objectos decorativos: por exemplo, candeeiros, cones de latão com cerca de 40, 50 anos, vão ser lacados e devolvidos à sua função original. O importante foi ter "uma ideia de linguagem que unisse tudo". Uma linguagem necessariamente actual, mas que respeitasse a história e as especificidades do espaço.

Quando a remodelação se iniciou, existiam 99 quartos - e quando se pensou fazer um "upgrade" para quatro estrelas percebeu-se que se iam perder 30 quartos. "Não valia a pena perder esses 30 quartos, porque têm muita procura", explica Marta Henriques, a directora-geral do hotel. A decisão foi manter as três estrelas e fazer a reabilitação a partir daí, com conforto (e charme) q.b. - "Uma elite para todos, essa é a nossa missão", dizem os arquitectos. O hotel ficou-se pelos 94 quartos (69 standard, 17 superiores e oito suites, todos não fumadores, com minibar, por exemplo) e está a ganhar uma cara lavada e personalidade contemporânea - não obstante, os espaços comuns vão manter-se assim, agradavelmente anacrónicos.

Muitos anos sem intervenção tiveram os seus efeitos: a decadência, mais do que visível, era palpável e o cheiro era desagradável (com um novo sistema de ventilação, esse problema foi "quase" resolvido). A remodelação, que começou na fachada - limparam-se as bandeiras (que lhe davam um certo ar de "pensão da costa espanhola"), desapareceram os estores, acrescentou-se sinalética - seguiu para a mansarda, que se tornou apartamento privado, e está agora no terraço, que recuperará a sua função original, apoiado por um pavilhão multiusos, um clone dos torrões em ardósia que já existem. Já passou também pelos pisos -1 e 3.

É aqui, no último piso do hotel, que ficam os quartos superiores (17), num dos quais ficámos alojados: estes quartos têm serviços distintos dos outros (como acesso à Internet gratuito) e a decoração mais moderna do hotel. "É um piso à parte", nota Marta Henriques, e isso vê-se mal se sai do elevador (lambris brancos e paredes castanhas, que, veremos daqui a pouco, se prolongam para o interior do quarto) - no entanto, o que se sente enquanto se caminha pelos corredores alcatifados é o piso oscilante das casas antigas, um verdadeiro (e involuntário) soalho flutuante.

Entramos num quarto espaçoso, com o jogo de cores do corredor e uma simplicidade decorativa inesperada - mas com um ecrã LCD na parede. O mobiliário é lacado, branco (as casas de banho também são imaculadamente brancas, a cor que cobre a madeira que as forra: "é mais confortável", consideram os arquitectos e nós confirmamos) e a iluminação suave, que pode provir de candeeiros recuperados ou "remade" com a assinatura nada negligenciável de Souto Moura. Retro é talvez o adjectivo mais adequado para caracterizar este piso, onde há uma única suite - são duas salas com papel de parede (tons de castanho) a marcar a diferença e vidro opalino a dividi-las. No piso -1, os pormenores não têm tanto destaque - é um piso "mais light" a nível de custo, mas a cor predominante continua a ser o castanho.

Nome
Grande Hotel do Porto
Local
Porto, Porto, Rua de Santa Catarina, 197
Telefone
222076690
Website
http://grandehotelporto.com
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