De volta ao Lugar da Horta, a mercearia, ao fundo da sala, lembra as antigas vendas, com o balcão em madeira e uma balança esmaltada a branco e onde se podem adquirir os produtos provenientes das hortas do hotel - todas biológicas, sem quaisquer adições químicas e abertas a experiências: para quem queira ir colher os ingredientes do seu próprio almoço ou para quem deseje cultivar um pedaço de terra (com entrega garantida do resultado final). Há ervas aromáticas, chás, couves, alfaces e cebolas. E, por estes dias, o doce aroma e o vermelho vivo dos morangos. O menu do restaurante - aberto também a visitantes, assim como a mercearia - será por isso variável e sempre de acordo "com o que a terra está a dar". E para passear pelas hortas basta descer a escadaria, que nos guia ao piso dos alojamentos, e atravessar uma gigantesca porta em madeira esculpida. Mas, antes, um passeio de reconhecimento pelos quartos - apenas dez, aos quais se junta uma penthouse T3 -, que se alinham de frente para a arriba.
Quartos crescentes
Os quartos são todos personalizados, com nome e decoração próprios. Mas todos ligados por elementos comuns, como as lareiras, as casas de banho XXL desenhadas e compostas em betão afagado e envernizado ou os terraços prazenteiros - que os uniformiza em harmonia. Há dois quartos superiores, Ouro e Nha Cretcheu, ambos com pátio exterior (e o primeiro com jacuzzi), mais oito, designados de Quartos Terra (Prata, Três Desejos, Terra, Quarto Que Voa, Sem Hora Marcada, Sete Sentidos, Ainda e Oliveira Princesa). Em sorteio, calhou-nos o último. Um quarto surpreendente, garantiram-nos, e no qual se torna bem visível o reaproveitamento de todo o tipo de materiais. E, tiradas as provas dos nove, não fomos enganados.
Em ambiente romântico, sugerido pelas palavras de Fernando Pessoa que se lêem na porta - "Conta a lenda que dormia/Uma princesa encantada (...)" -, encontramos vários elementos que geram uma agradável estupefacção: a começar desde logo pela existência de uma oliveira, no interior de uma espécie de aquário, de clarabóia aberta, plantado no centro da casa de banho (a única sem banheira, mas com dois duches circulares) ou, após aceder ao espaço de dormir, um painel em madeira, aproveitado do estaleiro de construção da unidade, em forma de cabeceira de cama, decorado com as gastas lâminas de rebarbadoras que casam com um candeeiro de aplique em cristal. Ao lado da cama, a mesa-de-cabeceira executada a partir de um velho bidão em ferro. Também o estrado da cama, assim como das de outros quartos, foi feito a partir das madeiras usadas em obra e a enfeitá-lo uma colcha colorida resgatada aos baús da família. Para embalar o repouso, há possibilidade de escolher a música, mas a TV foi totalmente banida (para os mais viciados: há uma sala para o audiovisual).
A noite avança. O hotel mergulha num profundo e luxuoso silêncio. O piano cala-se, as vozes apagam-se. No quarto, com os painéis em vidro cobertos por negras cortinas, entre roupas alvas e com o corpo poisado sobre um manto de penas, o sono (e aqui fala a voz da experiência) é digno de uma princesa.
- Nome
- Areias do Seixo Charme Hotel & Residences
- Local
- Torres Vedras, São Pedro e São Tiago, Praceta do Atlântico
- Telefone
- 261936340
- Website
- http://www.areiasdoseixo.com