Fugas - hotéis

Nelson Garrido

Vale do Vouga por janelas de charme senhorial

Por Vanessa Rodrigues ,

Figueiredo das Donas, na Beira Alta, não seria destino turístico sem as ruínas onde agora se ergue o Paço da Torre, casa senhorial de tempos de almocreves, guerreiros, vassalos e donzelas. Agora, recebe mui nobres hóspedes, como se fossem amigos de sempre, em conforto familiar. A Fugas passou um fim-de-semana a descansar os sentidos, numa breve lição de História sobre tempos medievais.
Entramos pela janela e é por lá que saímos. Explicamos: na casa senhorial do Paço da Torre, em Figueiredo das Donas, no coração de Vouzela, filha da Beira Alta, começamos a sentir-nos parte integrante da terra, depois de vermos o vale do rio Vouga e o recorte, ao longe, do maciço serrano da Gralheira pela enorme janela da sala. Ou no generoso terraço, com vista para o infinito beirão. Ou na piscina, de cotovelos na beira, mirando, deste alto, as serras da Freita, Arestal, Arada, São Macário e Montemuro que parecem camadas espessas, sobrepostas, de um quadro pincelado a texturas de verdes-escuros, em panorâmica de 180 graus. Com a bênção meteorológica, podemos experimentar a alquimia do deslumbre, contemplando esta paisagem limpa como terapia para resgatar os nossos viciados sentidos do buliço diário da cidade. Dêmos, por isso, trégua às preocupações e oportunidade à leveza e placidez de espírito que se podem experimentar, sem extras na conta, no Paço da Torre.

Abriu ao público no início do mês, reconstruída das ruínas pela família Cardoso, com a assinatura da arquitecta Elisa Rebelo. E foram necessários mais de cinco anos de perseverança familiar, já para nem pormenorizar o exercício de paciência (qual exímio detective) do patriarca, António, 59 anos, para descobrir, afinal, quem era dono de tão histórico lugar. A assinatura final para a luz verde da compra do terreno veio de França, para se ter uma ideia.

Nesta residência de ADN medieval, ainda com relva a ganhar viço, é onde hoje os Cardoso (pai, mãe, filha e genro) recebem hóspedes "como se fossem amigos", realça o patriarca, com atendimento personalizado para os seis quartos. Já lá vamos.

"Foi quando vi esta paisagem e o impacto dela, acompanhado da minha filha, na época de Natal, quando vim buscar a minha mãe, há uns anos, que pensei em comprar o espaço e reconstruir", confidencia, António, realçando que a ergueu para poder descansar ao fim-de-semana e poder partilhar este hobby, "conviver", com quem gostasse da tranquilidade do campo.

Por isso, quando sublinhamos que aqui entramos pela janela, falamos do magnetismo que a paisagem imprime, agarrando-nos, para sairmos, depois um pouco de sentidos deslumbrados, já calibrados no conforto.

Donzelas e figueiras bélicas

Foi nesta casa de imensa luz natural, quando se erguem as cortinas, e interior de pedra imponente, aquecida nos dias mais frios, e refrescada nos dias de calor, que nasceu a aldeia de Figueiredo das Donas. Ao redor ouvem-se pássaros num chilrear animado, calma de povoação rural e olhar a respirar horizonte. Em tempos medievais, este infinito há-de ter feito sonhar muitos também, vendo os lamargeais, cabras, almocreves, carvalhos robustos e urze de roxo pujante. Essa é cronologia básica para recordar a época da edificação do Paço e da aldeia, embora, em rigor, haja algumas dúvidas sobre o assunto, conforme adverte o anfitrião do Paço, denunciando que já andou a escarafunchar a memória local. "Há quem diga que a lenda de Figueiredo é copiada da Galiza: um rei mouro que, uma vez por ano, mandava os seus homens buscar 100 donzelas. Numa dessas viagens uma senhora daqui do Paço lamentava-se por ter que ir, e veio um senhor que a salvou dos mouros lutando com pau de figueira."

Nome
Paço da Torre
Local
Vouzela, Figueiredo das Donas, Rua Rainha D. Amélia - Figueiredo das Donas
Telefone
967569441
Horarios
e das 00:00 às 00:00
Website
http://www.pacodatorre.pt
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