Fugas - hotéis

Nelson Garrido

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Vale do Vouga por janelas de charme senhorial

Também os espaçosos quartos, com generosa luz natural, evocam donzelas. António diz tratar-se das donas antigas do Paço: Mécia, Guiomar, Berengela, Damásia, Margarida e Maria. A Fugas ficou neste último, com acesso a um varandim lateral e uma janela com dois bancos de pedra, estendendo-se da parede, a fazer lembrar dias em que as donzelas lançavam, através delas, tranças lendárias, ou, num cenário mais provável, a convidar à leitura sossegada. Outra janela, porém, perto da porta, deixa vislumbrar o jardim interior, olhando carnudas orquídeas e uma pia antiga, de pedra, ainda do tempo da casa em ruínas.

Registos históricos dão conta que, depois desse episódio lendário, o cavaleiro terá feito casa no local que é hoje este espaço de turismo de habitação, mesclado de ruralismo e História, inclusive com uma capela anexada à moradia.

Depois, a janela lateral da sala de jantar, com uma lareira moderna a separá-la da de estar: vê-se parte do que provavelmente terá sido o que resta de uma torre medieval (dando fôlego ao nome do Paço), como muitas que ainda pontuam o mapa patrimonial da região.

Família na cozinha

Estamos quase de saída deste texto e parece que vamos terminá-lo deixando olores e paladares. E, no Paço da Torre, não precisa de entrar na cozinha para que lhe cresça água na boca. O aroma de comida caseira, regional, aprimorado pelas mãos de Odete, a chefe matriarca da casa, estimula o ronco guloso do estômago, alertando para a gula, e as papilas gustativas já mais não podem ser enganadas. No cardápio do Paço (mera formalidade, porque aqui cozinha-se com esmero maternal, sem listas), se quisermos entregamo-nos à descoberta - ou então ao gosto do freguês. Pode aparecer em cima da mesa frango desfiado e salteado com figos turcos e nozes, migas de broa regionais, deliciosas alheiras cortadas em pedaços, vitela assada, bacalhau, galinha caseira. Ou, surpresa: comida dinamarquesa feita pelo genro.

Depois, com certeza, conforme a Fugas experienciou: haverá famosos pastéis de Vouzela, deixando que o líquido doce de ovos se misture com a massa fina na boca. E, recordando doces memórias do Paço, é inevitável não nos lembrarmos ainda do mel liquefeito da região, da fruta laminada e abundante ao pequeno-almoço, do pão caseiro, enquanto contemplamos a bela paisagem. Quase a mesma, pelos vistos, que, com as devidas alterações temporais, a avó paterna, o pai e os tios de António Cardoso viveram neste Paço antigo, quando moraram como caseiros. Há, pois, reminiscência familiar e quase como que fado inevitável de que a família Cardoso não fosse dona, hoje, de tal imponente casa. Foi, na verdade, a terra a puxá-los para as origens, pois a ascendência beirã está-lhes no sangue. António diz que ali encontrou uma certa paz. E assegura que quem lá vai há-de por ela deixar-se magnetizar. É que, tal como nós, também foi pela janela que entrou no Paço da Torre.

Como ir
Saindo de Lisboa (318km) ou Porto (121km), deve seguir-se pela A1 até à saída da A25 (Aveiro-Albergaria-Viseu-Guarda-Vilar Formoso- Espanha) em direcção a Viseu. Desde Albergaria deve utilizar-se a saída 13 (Vouzela/S.Pedro do Sul), convergindo com a Nacional 228, e virando à direita pela Nacional 333, seguindo depois durante 16 quilómetros por Vouzela (direcção ao centro) e seguir as indicações de Fataunços, para convergir na Estrada Nacional 602, seguindo até Figueiredo das Donas. Ao longo da estrada, verá uma placa de "Turismo de Habitação". Siga essa via principal e encontrará nova placa, terminando numa rua sem saída, que é a rua do Paço.

Nome
Paço da Torre
Local
Vouzela, Figueiredo das Donas, Rua Rainha D. Amélia - Figueiredo das Donas
Telefone
967569441
Horarios
e das 00:00 às 00:00
Website
http://www.pacodatorre.pt
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