Abriu ao público no início do mês, reconstruída das ruínas pela família Cardoso, com a assinatura da arquitecta Elisa Rebelo. E foram necessários mais de cinco anos de perseverança familiar, já para nem pormenorizar o exercício de paciência (qual exímio detective) do patriarca, António, 59 anos, para descobrir, afinal, quem era dono de tão histórico lugar. A assinatura final para a luz verde da compra do terreno veio de França, para se ter uma ideia.
Nesta residência de ADN medieval, ainda com relva a ganhar viço, é onde hoje os Cardoso (pai, mãe, filha e genro) recebem hóspedes "como se fossem amigos", realça o patriarca, com atendimento personalizado para os seis quartos. Já lá vamos.
"Foi quando vi esta paisagem e o impacto dela, acompanhado da minha filha, na época de Natal, quando vim buscar a minha mãe, há uns anos, que pensei em comprar o espaço e reconstruir", confidencia, António, realçando que a ergueu para poder descansar ao fim-de-semana e poder partilhar este hobby, "conviver", com quem gostasse da tranquilidade do campo.
Por isso, quando sublinhamos que aqui entramos pela janela, falamos do magnetismo que a paisagem imprime, agarrando-nos, para sairmos, depois um pouco de sentidos deslumbrados, já calibrados no conforto.
Donzelas e figueiras bélicas
Foi nesta casa de imensa luz natural, quando se erguem as cortinas, e interior de pedra imponente, aquecida nos dias mais frios, e refrescada nos dias de calor, que nasceu a aldeia de Figueiredo das Donas. Ao redor ouvem-se pássaros num chilrear animado, calma de povoação rural e olhar a respirar horizonte. Em tempos medievais, este infinito há-de ter feito sonhar muitos também, vendo os lamargeais, cabras, almocreves, carvalhos robustos e urze de roxo pujante. Essa é cronologia básica para recordar a época da edificação do Paço e da aldeia, embora, em rigor, haja algumas dúvidas sobre o assunto, conforme adverte o anfitrião do Paço, denunciando que já andou a escarafunchar a memória local. "Há quem diga que a lenda de Figueiredo é copiada da Galiza: um rei mouro que, uma vez por ano, mandava os seus homens buscar 100 donzelas. Numa dessas viagens uma senhora daqui do Paço lamentava-se por ter que ir, e veio um senhor que a salvou dos mouros lutando com pau de figueira."
- Nome
- Paço da Torre
- Local
- Vouzela, Figueiredo das Donas, Rua Rainha D. Amélia - Figueiredo das Donas
- Telefone
- 967569441
- Horarios
- e das 00:00 às 00:00
- Website
- http://www.pacodatorre.pt