Só desenterrámos as memórias do incêndio depois de recuarmos até à Madeira dos anos 50 e a uma bisavó mal-encarada que mandou o avô de Heleen de castigo trabalhar como porteiro num cruzeiro. Foi esse avô, que tinha jurado voltar à Madeira em melhores condições do que quando era um simples porteiro, que levou o pai de Heleen, com 11 anos, de férias ao Funchal. Ficaram no Reid"s, o famoso hotel de luxo onde Churchill também dormiu: "O meu pai achou aquilo fora do mundo. Vinha da Holanda, onde é tudo plano. Em Roterdão, sobretudo no pós-guerra, nada era como aquele paraíso que era a Madeira na altura. Ficou com aqueles sonhos na cabeça." Quando teve que voltar para a Europa por razões familiares, depois de 11 anos na Nova Zelândia, recusou-se a regressar ao clima holandês. "Fizeram uma viagem por Espanha e não gostaram nada. Entraram em Portugal por Madrid, pela A6, e fizeram Lisboa, Estoril, Cascais. Apaixonaram-se por Cascais. Compraram casa e mandaram vir a família. Ainda vivem cá, mas agora estão no Alentejo já reformados."
Foi na casa do Alentejo, entre Viana do Alentejo e o Alvito, mesmo na fronteira entre o Alto e o Baixo Alentejo, que começou no negócio da hotelaria. "Recebi as pessoas, nunca tinha feito, mas correu muito bem. Ainda recebo lá no mês de Agosto. Mas agora é um pouco mais complicado com isto aqui."
Se os quartos novos estão arranjados mais ou menos com o que se espera encontrar num hotel de charme, já as suites têm um gosto a casa de família. Há um baú feito de uma varanda antiga indiana de Macau, comprado por Heleen num antiquário na Aldeia de Juzo, ao pé de Cascais, mas também uma grande fotografia da parte de baixo de um eléctrico exposta numa casa de banho. Quem quer comer nas suites tem uma cozinha bastante completa onde dá para fazer petiscos ou pode pedir take away do Restaurante Tágide, porta com porta com o Chiado 16. "Temos serviço de quarto com o Tágide. Trabalhamos muito juntos e mandamos muita gente para lá. Acaba por ser mais ou menos uma unidade", diz a dona do hotel.
Heleen consegue apanhar muitos hóspedes ingleses e americanos, porque a sua cultura mãe é anglo-saxónica. Mas também têm muitos australianos, cada vez mais suíços e italianos. Sabemos que Paul Krugman, o Nobel da Economia que veio a Lisboa receber o doutoramento honoris causa, passou pelo Chiado 16 e foi aí que deu algumas entrevistas. Perdêmo-lo por poucos dias ao pequeno-almoço...
____
Preços e reservas
Tem quatro suites e três quartos duplos. As suites vão de 220 euros a 285 euros conforme a época. Os quartos de 156 euros a 190 euros.
Pequeno-almoço
15 euros por pessoa e gratuito para crianças com menos de 12 anos.
Estacionamento
25 euros por carro/noite.
O que fazer
É um bom sítio para os amantes de ópera ficarem quando vão ao Teatro Nacional de São Carlos. O programa também pode ser mais simples: descer até ao Terreiro do Paço ou subir até ao Bairro Alto. Ou ficar mesmo a passear pelo Chiado.
A Fugas ficou alojada a convite do Chiado 16
- Nome
- Chiado 16
- Local
- Lisboa, Mercês, Largo da Academia Nacional das Belas Artes, nº 16
- Telefone
- 213941616
- Website
- http://www.chiado16.com