Fugas - hotéis

  • Pedro Cunha
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Um filme caseiro da família e dos amigos

Ao lado da cama, as mesas de cabeceira são dois bancos de cortiça tipicamente alentejanos. Há dois candeeiros suspensos de pele de cabra, a um canto estão empilhadas três malas de viagem antigas, vê-se um espelho na parede e um banquinho de estacas por baixo da janela. Ponto.

De resto, temos a mesma kitchenette do vizinho do lado, isolada do quarto por uma porta de correr. Na casa de banho é a pia em granito que se destaca e só depois se atenta nos candeeiros: são feitos a partir de utensílios "usados para apanhar laranjas", explica Paula. "Chamam-se ladras." O toalheiro, uma espécie de escada encostada à parede, é de bambu, e foi oferta de uma amiga.


Opção dois, limonada

Chegámos ao final da tarde, depois de uma viagem de antologia por trechos de paisagem alentejana deliciosos, mas ainda temos luz suficiente para vermos para além do quarto. Saímos para o alpendre e olhamos em volta. Tudo o que se ouve é um concerto desafinado de rãs. Seguimos-lhes o rasto e desembocamos na menina dos olhos de Paula Silva e Alexandre Coutinho: a piscina biológica da Figueirinha. É Alexandre quem assume as despesas da conversa, referindo-se às incontáveis espécies vegetais e animais que aqui vivem. São, porém, os nenúfares e as rãs os reis da festa. Talvez amanhã tenhamos coragem de entrar na água.

"Ali em baixo será o espaço onde em breve planeamos instalar a nossa área deglamping", aponta agora Alexandre. Para quem não sabe, o glamping é um neologismo que resulta da junção das palavras inglesas camping e glamour. Em português, será qualquer coisa como acampar com estilo - ou com comodidade, se preferirem.

Há uma horta biológica de onde saem tomates e alfaces que provaremos mais logo, árvores de fruto variadas, um caramanchão camuflado por plantas diversas, um ninho de andorinhas instalado junto ao forno a lenha exterior. À nossa volta ouvem-se apenas os sons da natureza - e entretanto a voz de Paula, que chama para uma bebida antes do jantar.

É uma singela limonada, mas há-de ficar para a história. Tem cubinhos de maçã a boiar, folhas de hortelã e um travo muito ligeiro a mel. Antecipa os dotes culinários de Paula, que testaremos ao longo do fim-de-semana, e que vão desde uns deliciosos camarões fritos a um inesquecível ensopado de borrego. As refeições fazem-se na cozinha da casa principal (uma grande mesa de madeira, cadeiras vermelhas, uma lareira à escala humana; é aqui também que está a única televisão da Figueirinha, bem como a aparelhagem e um par de jogos que podem animar as noites de quem não se contentar com a contemplação do céu estrelado) ou cá fora, no alpendre com vista para o jardim e para as camas de rede que ondulam suavemente ao vento.

É nelas que, na manhã seguinte, assentamos arraiais depois de uma noite bem dormida e de um farto pequeno-almoço. Alexandre repara umas bilhas de azeite antigas, Paula anda às voltas na cozinha, as rãs cantam lá em baixo, na piscina. O sol está na medida perfeita: aquece mas não queima. Pedimos mais limonada e aqui ficamos até nos chamarem de novo para a mesa. Haverá melhor vida que esta?

Nome
Figueirinha Ecoturismo
Local
Odemira, Relíquias, Monte da Estrada
Telefone
283623306
Website
http://www.contra-a-corrente.pt
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