A noite, de resto, é retemperadora: apesar da auto-estrada que atravessa a outra encosta, o silêncio é total e só se acorda quando o pequeno-almoço já está servido. Tal como os materiais usados no edifício, também os ingredientes da cozinha do hotel, onde tudo é feito pela Remédios, são maioritariamente locais, e se possível produzidos na própria Quinta do Vallado: o pão, os croissants e os bolos são ali cozidos diariamente, as compotas (de abóbora, de laranja...) são caseiras, a fruta é a mesma que vemos crescer no pomar a caminho da piscina, e o ramo de alecrim pousado em cima do guardanapo de pano também tem todo o ar de ter acabado de ser colhido.
Ao jantar, também não há desvios gourmet: mandam a feijoada, o cabrito em forno de lenha, o polvo à lagareiro e o bacalhau com broa, além das sopas feitas com os legumes da horta e, a abrir, o presunto de Lamego, as alheiras transmontanas e o azeite do Vallado (até o gelado de nata é feito em casa). O serviço é mais uma vez tailor-made: nem o mais novato dos enoturistas corre o risco de escolher o vinho errado para o prato principal ou para a sobremesa, já que à mínima insensatez há uma mão invisível a redireccioná-lo para o caminho do bem.
Tudo no Vallado, vinhos incluídos, é muito lá do Douro - e por isso a estadia inclui uma visita à adega (que as vindimas tornam bem mais esplendorosa) e uma prova de vinhos, de onde se sai, como um visitante espanhol que passou pelo hotel no mesmo fim-de-semana que a Fugas, a perguntar onde é que nos inscrevemos para fazer parte da família. Podia ser do vinho - mas não é o mais provável.
A Fugas esteve alojada a convite da Quinta do Vallado
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Como Ir
A partir do Porto, o melhor percurso é pela A4 até Amarante. Daí, desce-se para Mesão Frio e depois para a Régua. A Quinta do Vallado é, literalmente, ao virar da esquina quando se sai da cidade, pela EN313 (há várias placas a indicar o caminho). Atenção às curvas.
O Que Fazer
A Quinta do Vallado é um hotel vínico e portanto organiza toda a estadia à volta do vinho e da vinha: mesmo fora da época das vindimas, altura em que a equipa do hotel prepara sempre um programa especialmente intensivo, estão incluídas na estadia uma visita ao belíssimo edifício da adega, onde é possível ver como são produzidos e envelhecidos os vinhos do Vallado (actualmente, a quinta produz cerca de 750 mil garrafas por ano, mas ainda não atingiu a sua capacidade máxima), e uma prova. Estão também disponíveis bicicletas para passeios dentro e fora da quinta e utensílios de pesca para quem quiser aproximar-se do Corgo - se for caso disso, o hotel prepara um cesto com iguarias para piquenicar no alto das vinhas ou junto ao rio. A pedido dos hóspedes, também se organizam cursos de iniciação à prova e sessões de show cooking com produtos da quinta e, na época adequada, percursos de barco ou de jeep. A Quinta do Vallado está ainda inscrita numa rede informal, a Douro Boys, que estimula a circulação dos enoturistas por outras quintas seleccionadas da região: Quinta do Crasto, Quinta de Nápoles, Quinta do Vale D. Maria e Quinta do Vale Meão. Ainda no circuito vínico, é indispensável uma visita ao Museu do Douro. Fora dele, vale a pena fazer uns quilómetros extra até ao Pinhão ou, noutra direcção, até Tarouca, onde a Fugas recomenda vivamente a visita da aldeia histórica de Ucanha e os mosteiros cistercienses de São João de Tarouca e de Salzedas.
- Nome
- Quinta do Vallado Wine Hotel
- Local
- Peso da Régua, Vilarinho dos Freires, Vilarinho dos Freires
- Telefone
- 254318081
- Website
- http://www.publico.pt/dormir/jornal/o-douro-total-26235379