Fugas - hotéis

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Um projecto “poético e estético” com vinhas velhas e uma casa nova

Havia as vinhas velhas pelas quais se deixou encantar — e que vemos depois, retorcidas e quase rentes ao chão, a partir do enorme terraço da casa, com uma vista a toda a volta da propriedade, incluindo os quatro fontanários que alimentam de água as produções da quinta, agora todos recuperados. E havia uma ruína, que imediatamente a família decidiu transformar num agro-turismo.

Ponto de encontro
As obras demoraram bastante tempo, mas finalmente a casa, que tem todas as comodidades, incluindo um elevador, adega com espaçosas zonas de apoio à produção do vinho, e um lagar com um surpreendente lustre (a ideia é fazer aqui provas de vinho), ficou pronta, e este Verão o agro-turismo pôde finalmente inaugurar.

“Abrimos no dia 1 de Agosto e no dia 3 já tínhamos gente”, conta Inês. Puseram apenas a informação no site Booking, mas, recorda João, “de repente” estavam cheios, “a recusar marcações” para os oito quartos e três apartamentos de que dispõem. “Esta região tem algum turismo por causa de Marvão e Castelo de Vide”, explica a filha. “Marvão é a dois passos, Badajoz a outros dois, estamos numa zona a partir da qual podemos conhecer a região muito facilmente.”

Os quartos são grandes, muito confortáveis, com uma pequena kitchenette, e abertos para a vista da propriedade a partir de diferentes perspectivas. Olha-se pela janela e vê-se vinha, e oliveiras (são 450, o suficiente para fazer algum azeite, mas não este ano, que, para as oliveiras “foi desgraçado”), e árvores de fruto, e há-de ver-se a horta quando esta estiver pronta, e os carvalhos, e os sobreiros. “Temos aqui os três solos do país”, diz João Afonso. “Temos o granito, calcário do lado de lá e xisto a terminar. Para o vinho, isto significa que a serra pode produzir vinhos mais concentrados, se vêm do xisto, mais elegantes se vêm do calcário, e mais estruturados e com mais carácter se vêm do granito. É muito interessante.”

O Verão arrancou muito bem, com a piscina a encher-se de hóspedes, sobretudo portugueses. Agora aproxima-se o Inverno, e é por isso que fazemos a João Afonso a pergunta com que abrimos este texto. Ele não hesita: “Vai ser fantástico, as paredes da casa são de tijolo térmico, e temos recuperadores de calor.” E há mais planos, que têm tudo a ver com o Inverno. “Vamos fazer lá fora uma casa que será a nossa sala de Inverno, com lareira alentejana, tripé, panela de ferro, uma posta de bacalhau em cima da mesa, ou um bife, um copo de vinho. Queremos ter um forno de lenha.”

Um dos objectivos é transformar este espaço de Cabeças do Reguengo num ponto de encontro para quem gosta de vinho. “Lá em baixo tenho uma garrafeira onde vão estar os vinhos de que mais gosto, de Norte a Sul do país, umas 70 ou 80 referências que considero representativas do que é a mensagem portuguesa do vinho.”

Durante o dia podem dar-se passeios e conhecer melhor a serra. Desde que aqui vive, Inês já aprendeu, entre outras coisas, a podar, e descobriu que é uma tarefa que não tem nada de fácil, pelo contrário, “é uma ciência”. E na última vindima, como já tinha hóspedes, estes puderam juntar-se para uma sessão de pisa a pé. João Afonso, sublinha, no entanto, que a ideia não é pôr as pessoas a trabalhar. Quem chega aqui quer apreciar o ar da serra e descansar — os passeios, seja para ver pássaros, ou para apanhar cogumelos ou espargos selvagens, são, claro, opções para quem se sentir com mais energia. Porque à noite, está garantido, há lareira e vinho do bom.

Nome
Cabeças do Reguengo
Local
Portalegre, Reguengo, Estrada dos Moleiros, 15
Telefone
245201005
Website
http://cabecasdoreguengo.com/
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