Fugas - hotéis

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Casas de granito, quartos com vida própria

O descanso está bem tratado e o pequeno-almoço é rei e senhor das refeições das Casas do Lupo. Tem tudo a que o corpo tem direito. Sumo de laranjas acabadas de espremer, chegadas de um quintal ali perto, doces e compotas caseiras, queijo de ovelha, requeijão, broa e pão da serra.

“Esta não é uma aldeia normal”, avisa-nos Maria do Carmo Batalha. E, de facto, não é. É uma aldeia onde há muito para fazer. Os hóspedes podem usufruir das iniciativas da Fundação Lapa do Lobo, podem visitar quintas e adegas da região demarcada do Dão, partir à descoberta de recantos da Beira Alta, desfrutar da gastronomia, fazer caminhadas, dar um salto à ecopista do Dão ou ao Mondego — e o rio passa ali tão perto, a três quilómetros por circuito pedonal. A oferta estica-se a programas mais específicos com a natureza presente, como a observação de pássaros ou a descoberta de fauna — e as várias espécies de cogumelos mesmo à mão de semear. Com tanta oferta ao redor, as Casas do Lupo criaram 11 roteiros que disponibilizam aos clientes. E empresta bicicletas e cestas de piquenique.

Ao fundo da aldeia, fica a quinta dos Batalha Torres — cerca de 43 hectares, com uma lagoa ao dispor dos helicópteros que se abastecem quando precisam de combater incêndios. É ali que moram a Lapa e o Lobo, os cães da família, que têm todo o espaço do mundo para correrias. A quinta tem um rio, um moinho totalmente recuperado e que as escolas podem ver em funcionamento. Tem uma floresta com árvores que pintam o cenário de cores quentes, em tons amarelados, acastanhados, alaranjados. Tem um miradouro de onde se vêem as serras da Estrela, do Caramulo, da Lousã, e para onde estão pensados momentos ao pôr do sol com gins tónicos ou vinhos do Dão como companhia. “Favorecemos a natureza e deixamos tudo tal como era”, explica Maria do Carmo. “Quisemos dinamizar um bocado o interior para criar alguma vivacidade”, acrescenta Bernardo.

Carlos Cunha Torres está em viagem de negócios. Maria do Carmo Batalha fala dos projectos que lhe ocupam os dias. Quer abrir uma pequena loja nas Casas do Lupo com bordados, produtos regionais e onde espera colocar o azeite que anda a produzir segundo uma técnica de extracção a frio. As suas oliveiras também fazem parte do cenário, erguem-se não muito longe da piscina com espreguiçadeiras, e aos pés de algumas nascem morangos que Maria do Carmo gosta de utilizar nos pequenos-almoços. “Aqui temos a sazonalidade das coisas, apercebemo-nos um pouco desta relação com a natureza.”

Nessa noite, há inauguração da exposição de fotografia Do Rural ao Urbano de dois fotógrafos da região — Carlos Marcela e Miguel Brito — na Fundação Lapa do Lobo, pertinho das Casas do Lupo. A Fundação Lapa do Lobo, totalmente privada, está em obras de ampliação. Há música ao vivo, novas fotos na sala de exposições, canapés, sangria e vinho servidos em bandejas, e gente da aldeia que encontrou na arte uma forma de um serão diferente. Mariana Batalha Torres é a curadora da fundação e recebe quem chega. A mãe Maria do Carmo e o irmão Bernardo acompanham-na nas boas-vindas.

Nome
Casas do Lupo
Local
Nelas, Lapa do Lobo, Terreiro dos Antunes
Telefone
232673441
Website
http://www.casasdolupo.com/
Observações
É um projecto turístico erguido numa aldeia pelas mãos de uma família com fortes ligações à terra. Tem oito quartos e um T2. Fica na Lapa do Lobo, aldeia com pouco mais de mil habitantes, no concelho de Nelas.
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