Se no início a ideia do casal era manter a residência em Gaia, vindo a Quintandona apenas quando houvesse hóspedes, rapidamente perceberam que seria impraticável. Mudaram-se para uma parte reservada da casa e Hélder continua a deslocar-se todos os dias para Gaia — Ana passou à consultoria e ganhou flexibilidade de horários e disponibilidade para a Casa Valxisto. E para os filhos, Carolina e João — João já nascido aqui, Carolina completamente em casa no meio da natureza.
Porque a Casa Valxisto vive muito ao ar livre, ainda que nós não tenhamos tido essa oportunidade. Nós ficamo-nos pelo salão-recepção, onde antes se erguia um celeiro: pé direito desmesurado a culminar em telhado suportado por pesadas traves de madeira e transparências várias: para o jardim dianteiro e para o pátio interior, onde antes os animais se alimentavam — agora é uma espécie de hall descoberto onde se acede directamente aos quartos do rés-do-chão, dispostos em redor, à sala de refeições e às escadas para os quartos no andar superior. No salão, portanto, com lareira (e recuperador de calor) a compor um recanto de sofás, mesa de snooker, bar-loja (produtos da casa e regionais) e conjuntos de mesas e cadeiras a assegurarem que há espaço para todos. E, claro, pelo quarto, Maçã, o nosso — simples e contemporâneo, com o toque colorido a gravitar em torno das matizes do fruto: temos uma parede castanho-claro e almofadas e cobertura entre dourados e verde contra o branco do mobiliário; temos uma casa-de-banho ampla (característica comum a todos os quartos) e temos, sobretudo, uma porta-janela que abre directamente para o terraço.
Trabalhar na quinta
E o terraço é essa fronteira com a vida ao ar livre que faz parte do ADN da Casa Valxisto. Em terreno agrícola de cinco hectares a produção não parou — pelo contrário, a ideia é aumentar. “Não podia ser de outra forma”, nota Ana, sublinhando o método de produção biológica que, é essa a ambição, daqui a algum tempo deverá tornar a casa auto-sustentável no que a legumes e verduras diz respeito. Aos hóspedes é dada a oportunidade de participar nos trabalhos da quinta, que inclui ainda vinhas, criação de animais (há cabras, patos, galinhas à solta na vinha e ovelhas que garantem a renovação de gerações sem consanguinidade — Carolina teve um cordeiro, a sua perdição, que um dia foi encontrado morto, enlaçado na vedação) e árvores de frutos. Os nomes dos quartos reflectem a variedade da quinta: se se chamam framboesa, alfazema, tangerina, mirtilo, pêra e maçã é porque estes se encontram no exterior.
E muitos desses produtos são utilizados na confecção de compotas, geleias e até licores que se vendem sob a marca Casa Valxisto e se intrometem nas refeições — nada melhor do que o abundante pequeno-almoço para provar a produção da casa (nós pudemos escolher entre a compota de abóbora e framboesa, a geleia e a marmelada). Também produto do labor caseiro (e tradicional) são os enchidos que aqui se servem, feitos por Ana, com a ajuda da sogra (as duas comandam a cozinha) e de funcionárias, de acordo com a receita da sua mãe, ou seja, alheiras, chouriços, salpicão, linguiça “transmontanos”. E sendo o pequeno-almoço a única refeição certa na Casa Valxisto (é incluído no preço), todos os dias há um prato do dia para o jantar (e um bife de reserva para quem não gostar) e ao almoço podem ser preparadas refeições mais “leves”, com tostas, sanduíches e grande protagonismo às saladas — do mesmo modo podem preparar-se cestas de piquenique.
Se o mundo rural é o nosso cenário, sem sair do tal terraço a Casa Valxisto convida ao dolce fare niente — é fácil imaginar dias passados à beira da piscina, infinity a despenhar-se na vinha. Imaginar, porque o que podemos fazer nestes dias chuvosos à volta da piscina é abrigar-nos sob o antigo espigueiro, onde a mini-esplanada se rodeia de plantas e cria uma atmosfera chill-out (o armazém do espigueiro será, em breve, transformado num pequeno spa). Tão-pouco podemos pegar numa das bicicletas a brilhar de novas e irrepreensivelmente alinhadas postas à disposição dos hóspedes. Mas estas têm grande procura, asseguram-nos — pelo menos naquele que foi o primeiro ano da Casa Valxisto. Que já percebeu que beneficia de uma localização privilegiada: tem os dois pés na ruralidade mas a espreitar a cidade. Penafiel é a sede de concelho e em 30 minutos os hóspedes podem encontrar-se no centro do Porto, com partida da estação de Recarei-Sobreiro para viagem de comboio na Linha do Douro. Não são poucos o que o fazem (“chegam a ir à praia”). Do silêncio absoluto à azáfama citadina — a Casa Valxisto fica a meio-caminho.
- Nome
- Casa Valxisto - Country House
- Local
- Penafiel, Penafiel, Rua Padres da Agostinha, 233 (Lagares)
- Telefone
- 255752251
- Website
- http://www.valxisto.pt/