Fugas - hotéis

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Mimos, como em casa dos avós

Por Samuel Silva ,

Há um conforto familiar que começa na decoração e termina à mesa do pequeno-almoço desta Casa do Juncal em Guimarães. Assim que aqui entramos instala-se uma sensação de dia de festa, que pode prolongar-se lá fora, com um cesto de piquenique.

Há um cheiro a bolo acabado de sair do forno a entrar pela porta do quarto. E a vontade de ficar um pouco mais na cama tem que lutar com o apetite que começa a fazer-se sentir. É assim o acordar na Casa do Juncal, em Guimarães, onde mimos como o bolo caseiro podem fazer um hóspede pensar que está em casa dos avós num dia de festa. A porta desta unidade hoteleira situada no centro histórico da cidade mantém-se habitualmente fechada, o que reforça essa sensação de conforto, prolongada pelo ambiente criado pela impecável recuperação de um palacete do século XVIII.

Foi esta ideia de conforto familiar que os proprietários deste novo hotel quiseram dar-lhe. “Gostamos de receber e tratar bem quem chega a nossa casa”, conta Daniela Abreu, um dos membros do casal que está à frente da Casa do Juncal. Tal como o marido, Miguel Gomes, é professora do ensino básico e continua a dar aulas, mas fazem um esforço para estar presentes o máximo de tempo possível no dia-a-dia desta unidade. “Procuramos estar presentes junto dos hóspedes, para darmos as nossas próprias dicas sobre a cidade”, diz.

A ideia deste hotel é a de uma casa de turismo de habitação em contexto urbano. Por isso há apenas seis quartos. O que, acredita Miguel Gomes, é o argumento fundamental para diferenciar a Casa do Juncal no mercado turístico vimaranense, ao qual, nos últimos anos, se juntaram mais de uma dezena de unidades hoteleiras. “Esta dimensão dá-nos a possibilidade de ter uma atenção muito maior ao nosso cliente e proporcionar um serviço mais diferenciado”, defende.

Voltamos ao pequeno-almoço, que é confecionado na casa, com compota que é, de facto, caseira, sumo de laranja “a sério” e panquecas ainda mornas. Mas pode ser algo completamente diferente. À chegada, é entregue a cada hóspede o menu com os produtos disponíveis para o pequeno-almoço do dia seguinte, com alternativas que se vão adaptando à nacionalidade e aos hábitos de cada visitante. “Caso queira alguma coisa que não esteja na carta, pode sempre encomendar”, conta Miguel. No dia seguinte, a primeira refeição do dia é confeccionada na hora e servida à mesa. A equipa do hotel está também sempre disponível para responder a qualquer desejo dos hóspedes. “Podemos dar-nos a esse luxo, pela dimensão que temos.”

Dentro da cidade

A Casa do Juncal está a funcionar desde Agosto do ano passado. Esta unidade hoteleira ocupa uma casa senhorial, cuja traça actual é do século XVIII — a fachada ainda preserva o brasão, pertença de uma família do Porto que usaria a casa em Guimarães para férias. O seu interior estava completamente arruinado quando o pai de Daniela Abreu a comprou ao anterior proprietário. O projecto que então andava a ser pensado para aquele espaço era o de criação de pequenos apartamentos de arrendamento temporário. Daniela discordou. “Disse que via aqui potencial para fazer uma coisa completamente”, conta. Os argumentos convenceram o pai.

Desde 2009 que o edifício entrou num longo processo de recuperação, assessorado pelo gabinete de arquitectura de Filipa Vilas-Boas, ganhando nova vida. O interior foi inteiramente recuperado, valorizando as caixilharias de madeira pintada, por exemplo. A obra permitiu também criar um novo corpo anexo ao edifício, de desenho contemporâneo. Esta estrutura situa-se no espaço de um pequeno telheiro que ocupava a fachada posterior, virada ao jardim, e que acolhe a sala de bar e pequenos-almoços. O pequeno jardim interior, onde se preserva uma roda de poço que pertencia originalmente à casa, é outras das mais-valias do espaço.

A Casa do Juncal tem apenas seis quartos, mas todos são diferentes. Há uma cadeira, uma mesa ou uma trave de madeira original deixada à vista que dão individualidade aos quartos. “Há clientes que dizem que querem experimentá-los todos”, brinca Daniela Abreu. Em três dos quartos, a cama é em mezanino, aproveitando a área do sótão da casa. A porta de entrada foi transformada em janela interior e a pequena entrada de luz da mansarda mantida, dando um toque pitoresco à arquitectura e decoração modernas do espaço.

Os dois quartos mais pequenos estão virados ao jardim interior, bem como a suíte master, onde o grande destaque é a parede de granito que terá pertencido a um torreão de defesa da cidade do século XIII, descoberto no forro de um armário e que foi valorizado pela obra de reabilitação.

Uma descoberta como esta está directamente ligada à localização da Casa do Juncal, no coração do centro histórico de Guimarães, no cruzamento entre o Largo Condessa do Juncal e a Rua Dr. Avelino Germano — ou Rua da Tulha, para os locais. Isso dá-lhe a vantagem de estar a cinco minutos dos principais pontos de interesse da cidade, como a Praça do Toural, o Largo da Oliveira, o Centro de Artes José de Guimarães ou o Centro Cultural Vila Flor. E de permitir um contacto directo com a vida quotidiana vimaranense no momento em que se sai da porta do hotel.

Todavia, uma localização tão central tem também os seus inconvenientes. De resto, os dois principais problemas deste hotel têm a ver com isto. Por um lado, o estacionamento é difícil — e o regulamento local não permite criar um lugar de aparcamento para unidades hoteleiras de pequena dimensão —, pelo que a alternativa é tentar encontrar um (raro) lugar na praça em frente ao hotel ou deixar a viatura um pouco mais longe, num dos parques públicos (a uma distância que nunca é superior a 400 metros).

A outra questão é o ruído que a recuperação da casa não conseguiu isolar completamente. E que se sente à noite, motivado pela animação nocturna do centro histórico vimaranense, e, de manhã, quando a vida da cidade também passa por aquelas ruas e praças. Mas o conforto do quarto e a qualidade do espaço compensam largamente estes problemas. E todos os mimos que o serviço da Casa do Juncal tem para lhe oferecer também.

Os serviços complementares são o habitual em unidades hoteleiras, como a possibilidade de pedir massagens ou alugar bicicletas. Há ainda um bar com um conceito honest: cada cliente pode servir-se à vontade das garrafas existentes na área comum, apontando aquilo que bebeu numa folha. Os preços são “de café e não de hotel”. “Há uma relação de total confiança com os hóspedes”, diz Daniela Abreu. Cada um tem uma chave da casa, todos os espaços de uso comum estão acessíveis, e os livros e revistas da sala de refeições podem ser levadas para os quartos.

Se não chegarem todos estes mimos e se quiser levar a sensação de dia especial para fora de portas, fale a algum dos elementos da equipa da Casa do Juncal na ideia de fazer um piquenique — quando o clima voltar a permiti-lo. Rapidamente vão dar-lhe sugestões de locais para o fazer e mostrar-lhe um dos serviços mais singulares oferecidos por este hotel vimaranense: o cesto. Se o hóspede quiser, a equipa do hotel prepara um cesto com mantas, almofadas e petiscos caseiros para saborear na relva do parque da cidade, na área verde entre o castelo de Guimarães e o Paço dos Duques de Bragança ou no monte da Penha, “com uma vista fantástica sobre a cidade”. Se ainda não tiver conseguido fugir do apetite provocado pelo cheiro do bolo caseiro acabado de fazer, haverá espaço para uma fatia no farnel.

A Fugas esteve alojada a convite da Casa do Juncal

Nome
Casa do Juncal
Local
Guimarães, São Sebastião (Guimarães), Rua Doutor Avelino Germano, 65
Telefone
253042168
Website
http://www.casajuncal.com/
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