Em Janeiro de 2015, quando as plataformas se elevaram e esferas brancas aterraram, houve quem tivesse corrido até à serra para saudar os extraterrestres. Estamos na Gardunha, uma serra magnética que recentemente atraiu o Natura Glamping (glamour + camping), sete tendas de luxo que parecem ter saído do 2001: Odisseia no Espaço, do Interstellar, do Oblivion ou de qualquer outro filme de ficção científica com cenários minimalistas de cortar a respiração, estruturas de um branco puro, viseiras translúcidas e um argumento do tamanho de um planeta.
O nosso planeta chama-se Gardunha — e “Portugal desconhece a Gardunha”, garante Jorge Pessoa, argumentista deste projecto, juntamente com a esposa Elga Correia e Nuno Dias —, uma serra há muito um refúgio para histórias de objectos voadores não identificados (basta “googlar”) e que agora foi surpreendida com a aterragem de sete tendas (uma, com cerca de 100 metros quadrados, disponível para eventos) em formato geodésico, instaladas numa área de 500 metros quadrados junto à Casa do Guarda (com dois quartos, uma sala e uma cozinha), em Alcongosta, espaço integrado na Rede Natura 2000 e agora como uma concessão turística de 20 anos.
“Dizem que a serra é oca, que é uma base de ovnis”, sorri Jorge Pessoa. “Acho que fui induzido a trazer para cá este projecto em forma de nave espacial.” Jorge trabalhava em informação médica com “muita pressão, muito desgaste”. “Coisas que ao longo do tempo vamos sentindo na saúde e na qualidade de vida”, regista. “Pensamos que estamos numa situação de conforto. Mas é aparente. Lamentamos mais tarde. Achei que era altura de terminar com o stress do dia-a-dia.” Optou por algo “diferenciador”. Viajou até à Suíça, onde o conceito de “campismo com glamour” já existia, e, depois de tirar as medidas ao projecto Whitepod, regressou a Portugal com uma estrutura geodésica de elevada resistência ao vento e ao peso da neve. “É um complexo cálculo matemático que se molda às nossas necessidades”, explica. As tendas foram instaladas em Janeiro. “Nesse dia nevou. E foi um teste aos ventos cruzados, que nesta região podem atingir os 160 quilómetros hora. Só tínhamos metade dos parafusos colocados e a estrutura nem abanou.”
As estruturas de que se fala são iglus ou “Domus” — que fazem lembrar as cúpulas das torres da serra da Estrela. São capacetes de astronauta com um espaço de 35 metros, com capacidade para quatro pessoas e equipadas com roupeiro, duche de hidromassagem, minibar, salamandra, ar condicionado, uma porta — de fechos de correr — com ar futurista e uma “viseira”, uma janela panorâmica de cerca de oito metros com vista para a serra ou para a linha do horizonte.
“Estamos no local com maior amplitude visual da serra da Gardunha. Covilhã, Fundão e Belmonte para um lado. Monsanto e Penha Garcia do outro. E daquele lado barragem e Castelo Branco. Estamos no coração da Gardunha.” Estamos num refúgio natural, num manual de morfologia geológica, num mapa pejado de percursos para caminhadas (bicicletas BTT e segway TT disponíveis), num sítio onde há sempre muito o que fazer — e onde também há muito para quem não quer fazer nada. Há aldeias de xisto e históricas, há uma das melhores rampas de asa delta da Europa, há “as cores da serra” e há “pessoas que vão dizer que já viram ovnis”, pessoas que falam de chaves douradas, grutas subterrâneas e naves espaciais de um branco puro. “Falam com uma seriedade tremenda e só falam se tiverem confiança na pessoa que têm à sua frente.” Se há pessoas que não sabem como chegaram à serra da Gardunha, também há quem não sabe se daqui quer sair.
- Nome
- Natura Glamping
- Local
- Fundão, Alcongosta, Alcongosta, Fundão
- Telefone
- 938387600
- Website
- http://www.naturaglamping.com/