Por não ter os serviços que tipicamente associamos a um hotel — recepção, bar ou opção de refeições —, o Lodge pode parecer um pouco isolado. Para evitar esta sensação, encomendar o pequeno-almoço com antecedência é uma opção a considerar. Uma cesta de vime cheia de coisas boas e simples da região (café, chá, iogurte, leite, pão, fruta, queijo fresco, compota e manteiga) tem um custo acrescido de 25 euros para duas pessoas e oferece a possibilidade de começar o dia a um ritmo lento, na varanda ou na zona de estar. Caso férias sejam sinónimo de pequeno-almoço buffet, qualquer hóspede do Lodge pode deslocar-se ao Eco-Beach Resort e experimentar mais variedade (15 euros/pessoa).
Joana Melo, a directora geral do Lodge e do Eco-Beach Resort (ambos pertencentes a Rodrigo Herédia e João Reis), regressou a São Miguel após 18 anos a trabalhar em Portugal continental. Passou por vários hotéis e acabou por se render ao conceito do Santa Bárbara. Conhece bem quem procura a maior e mais populosa ilha dos Açores: famílias portuguesas durante as férias da Páscoa e do Verão e estrangeiros, sobretudo fora da época alta. Lembra-se bem de quando o espaço do Lodge acolhia um restaurante, com área para eventos, fechado há alguns anos. A localização e a vista são os pontos fortes do edifício e apostar em alojamentos independentes parecia o mais acertado. Em seis meses foram feitas todas as obras de adaptação necessárias.
O jardim, com acesso directo a partir de alguns dos apartamentos, é tão minimalista quanto os próprios quartos. A relva enquadra a piscina, há cactos de diversos tipos e uma cozinha exterior com barbecue para quem não quiser abdicar do sossego das espreguiçadeiras de madeira. E esta pode ser, de facto, uma tentação para os hóspedes: estacionar o carro no parque de estacionamento privativo, abusar dos produtos da ilha (o Mercado de Ponta Delgada merece uma visita e fica a 20 minutos) e alternar entre as varandas, o jardim e o enorme terraço que ocupa todo o telhado do edifício.
Por estradas íngremes e totalmente cobertas de vegetação verde chega-se a miradouros onde nem apetece falar. Tentamos a lagoa das Sete Cidades, mas o nevoeiro que se transforma em chuva não nos deixou ver nem um pouco do azul e verde das águas. É frustrante mas não é o fim do mundo — e não é tão raro quanto isso, culpa do clima da ilha. A lagoa do Fogo, bem mais perto de São Vicente Ferreira, compensou a outra viagem perdida. Depois de subirmos durante uns 30 minutos, sempre com o olhar na paisagem cada vez mais alta, aproximamo-nos de uma zona com muitos carros parados na berma da estrada. Basta afastarmo-nos alguns metros da pequena confusão e o silêncio já se sente. O primeiro impacto é abrir muito os olhos para a lagoa que, lá no fundo, recorta as árvores e uma pequena praia onde se percebem alguns vultos. Só depois de um sorriso meio apalermado é que vem a vontade de fotografar — mas não há máquina superpoderosa de smartphoneque retrate isto. A caminho da lagoa do Fogo, uma queda de água de uns imponentes 40 metros vale o desvio por um acesso de terra batida. No Salto do Cabrito, as pedras, de todos os tamanhos e feitios, que ladeiam a cascata, são, à partida, desencorajadores. Mas a temperatura da água e o postal verde que parece feito para as fotografias são imperdíveis.
- Nome
- Santa Bárbara Lodge
- Local
- Ponta Delgada, São Vicente Ferreira, Canada da Tapada, 14
- Telefone
- 296 470 360