Mais recentemente, criaram aquilo a que chamam a “ala relax”, onde se encontram o spa, o restaurante e os quartos de corte minimalista, cimento polido, janelas largas. “O princípio foi assegurar um fio condutor entre os dois edifícios”, nota Carmo, agarrando a unidade à região, através de decorações temáticas, e à assinatura tradicional portuguesa. O quarto Vitória, por exemplo, inspira-se na conquista dos portugueses durante a Invasão Francesa; o Feira da Malveira evoca um dos eventos mais concorridos da vizinhança, à volta de antiguidades, que acontece todas as quintas-feiras. “É quase como obrigar os nossos hóspedes a conhecer a zona, as pessoas e as tradições. Num mundo global e cada vez mais igual, para nós, faz toda a diferença.”
A Fugas, muito sugestivamente, teve direito à chave do Sexy Room. Cama larga, janela larga, uma cómoda e uma cadeira dos anos 1950, roupeiro vintage, banheira a dar para os aciprestes. Detalhe: um misto de ervas para transformar em tisana em dias como hoje, cinzento e chuvoso, e biscoitos de alfazema a dar as boas-vindas. Confirmação: o lado abonado — num conceito de sexy muito camponês — das mulheres deste Oeste antigo, a avaliar pela dimensão dos soutiens emoldurados e pendurados nas paredes.
Perguntamos por eles e Carmo Tenreiro conta: “Foram comprados nos Emaús [comunidade que recupera bens em segunda mão com o fim de gerar economia e integrar socialmente pessoas com dificuldades] de Caneças. Assim que os vi encantei-me. Gostei tanto que depois comprei vários artigos em segunda mão com bordados, bilros e crochet que emoldurámos e que usámos em toda a decoração. Gosto muito deste trabalho de lavores e tenho imensa pena que esteja a perder-se o ‘saber fazer’. Esta é uma forma de o dignificar e de honrar a nossa tradição.” Tradição honrada, imediatamente acima dos nossos sonhos.
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A Quinta dos Machados oferece a noite de núpcias (no quarto voltado para a roseira Bela Portuguesa) a quem se casar no espaço. Em breve, o estabelecimento será “amigo das bicicletas”, até porque a região entre Mafra e Torres Vedras é fértil em percursos para BTT.O conceito de glamping também será uma das novidades. Além dos quartos, há dois apartamentos na ala tradicional da quinta, para descansar em família.
Como ir
A Quinta dos Machados fica a cerca de meia hora de Lisboa, se se optar por seguir a A8, em direcção a Torres Vedras. Na saída para Mafra/Malveira, toma-se a A21 até à Estrada Nacional 8. Depois de passar Vila Franca do Campo, basta estar atento ao lado esquerdo, onde surge a entrada branca e amarela da quinta. Outra opção é o caminho pelas estradas nacionais (são apenas mais dez minutos de viagem), que inclui a paisagem rural da região Oeste.
Onde comer
O Cantinho dos Sabores tem uma carta contida em quantidade, mas garante os “essenciais” — como o bacalhau assado ou o borrego. A linha é do chefAntónio Amorim, que ajudou a construir a oferta desta cozinha tradicional portuguesa. O que mais nos despertou o palato foram a entrada e a sobremesa: chamuças de queijo de cabra, alho francês e avelã com doce de abóbora; e uma pêra bêbada com um toque cítrico. Os vinhos são maioritariamente da região de Lisboa.
- Nome
- Quinta dos Machados
- Local
- Mafra, Gradil, E.N. 8 – Barras
- Telefone
- 261 961 279
- Website
- www.quintamachados.com