Fugas - hotéis

  • João Morgado
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O aconchego de luxo no Minho que resgatou a memória às ruínas

A enumeração ao estilo memória descritiva explica pouco. Ou, pelo menos, peca por défice sensorial. 

Pé dentro do quarto, sentimento imediato de conforto e requinte. A cama king size apetece e, de lá, vê-se o relvado que circunda a piscina exterior, certamente irresistível quando outra estação der um ar da sua graça. Há um tapete gigante a convidar ao descanso dos sapatos, sofás, uma banheira a pedir banhos pouco amigos do ambiente. De repente, com o frio minhoto de Dezembro, sair dali só é possível pela amostra que tínhamos tido antes de entrar no quarto — e a promessa de um chá das cinco servido com bolos, cortesia da casa no wine bar. 

Limão, laranja, canela e alecrim. A infusão aquece enquanto o sol se põe e prepara-nos para a visita ao spa, aberto também a quem não está hospedado, de cuja nomeação para o Luxury Hotels Spas of the World tínhamos sido atempadamente avisados por uma nota deixada no quarto. Tempo de esquecer (ainda mais) o mundo lá fora: não testámos as massagens, mas o banho turco, o sauna e a piscina a temperatura amena chegaram para o efeito desejado. 

Só a noite posta nos devolve a noção do tempo (sabíamos desde o início que as 24 horas saberiam a pouco) e nos faz regressar à agenda: o restaurante Gomariz, aberto ao público em geral, espera por nós. À entrada, a expectativa está já a níveis de quem sabe que no Minho nunca se come mal. Junta-se um piano de cauda a fazer-se ouvir a partir da sala ao lado, uma lareira para conforto extra e um cocktail kir royal adaptado, com licor cassis e vinho da casa. Só para começar. E já se está no paraíso. Isabel Freitas, chef bracarense com vários anos de experiência, juntou à cozinha tradicional da zona uma pitada de modernidade e o resultado foi uma fusão onde a geografia minhota não é esquecida. Elegemos um aveludado de ervilhas com ovo escalfado e crocante de presunto e uma salada de queijo de cabra panado com laranja mel e nozes para entrada. Seguiu-se um salmão tostado com gnochis, bacon, espargos e zabaione trufado e ainda um tamboril grelhado com o seu arroz caldoso e gambas. A finalizar, já só houve espaço para uma sobremesa (e um sorriso de contentamento): tartelete de limão curd merengada. 

Estamos, definitivamente, no Minho. 

Hotel difícil de definir

Pedro Castilho assumiu a direcção do Torre de Gomariz em Maio de 2016, quase um ano depois da abertura oficial do espaço. No currículo trazia sobretudo passagens por hotéis de negócios, e um período feliz de trabalho em Angola. Este é “um desafio completamente diferente”, conta o vianense: “É uma unidade familiar, um hotel de charme, um boutique hotel, um design hotel, um wine hotel”, vai enumerando como quem explica a dimensão do projecto. Difícil de definir. José Manuel Silva Couto sorri. É efectivamente complexo colar uma só etiqueta à Torre de Gomariz: “É um hotel histórico e com design”, começa, para logo a seguir acrescentar: “O que sinto mais é o conforto e o aconchego, um cinco estrelas em ambiente rural.” 

As primeiras referências à Quinta de Gomariz datam de 1296. A torre foi construída no final do século XV, o solar e a capela — transformada num belíssimo exemplo de espaço divino sem o divino lá dentro — no início do século XVIII, altura em que ali terá residido o Cónego da Sé de Braga e contador do rei D. Dinis, Estevão Durão Esteves.

Nome
Torre de Gomariz
Local
Vila Verde, Cervães, Av. Sobral-Castelo, 76
Telefone
253 929 160
Website
www.torredegomariz.com/torre-de-gomariz-vila-verde
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