Fugas - prazeresdeverao

  • Fernando Veludo/NFactos
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Já abriu a época das sunset parties com vista para o Douro

Por Sandra Silva Costa

O Hotel The Yeatman é uma das melhores bancadas para mirar o Porto — ou para brindar ao Porto. Se o dia for ameno e soalheiro, e se houver um copo de vinho na mão, o postal é praticamente perfeito. Uma já passou, mas ainda há outra festa para olhar o pôr do sol agendada para este Verão. Saúde!

Carolina Gonçalves e Mariana Oliveira estão à procura do melhor enquadramento para uma selfie que, quase apostamos, há-de prestar-se a muitos comentários nas redes sociais. Só que a tarefa das duas amigas não é fácil: é um fim de tarde soalheiro, ameno como nem sempre é no Norte, dir-se-ia abençoado pelos deuses — e encontrar o melhor enquadramento aqui é difícil porque nesta varanda privilegiada para o Porto todos os enquadramentos são bons.

Do Hotel The Yeatman, em Gaia, já se disse tudo e mais alguma coisa: que tem das melhores vistas para o Porto — e é verdade; que é um cartão-de-visita das duas cidades na margem do Douro — e é verdade; que tem um spa que é um verdadeiro jardim das delícias — e é verdade; que tem comida de nos levar a ver estrelas — e é verdade; que tem uma cave de vinhos, uma espécie de arca do tesouro, onde repousam perto de 27 mil referências. É tudo verdade. O lado B da coisa: o luxo, todos os luxos, pagam-se caros, e estas 5 estrelas à beira Douro não estão acessíveis a todos.

Ainda assim, neste fim de tarde de Julho umas 600 pessoas disputam, então, o melhor enquadramento para as fotos que comprovam, a cores ou em tons de sépia, que estiveram na primeira Sunset Wine Party de 2015. Pagaram 65€. “À primeira vista, parece caro, mas se pensarmos em tudo o que temos direito, desde os vinhos à comida, passando pela beleza do hotel, afinal parece-me um valor justo”, analisa Mariana Oliveira. Carolina acrescenta: “A vista é incrível, o ambiente é óptimo, a música também, a apresentação, tudo…”

São ambas alunas do curso de gestão hoteleira do Instituto Superior de Administração e Gestão do Porto e viram nesta festa uma oportunidade de ficarem a conhecer o hotel — ou pelo menos parte dele. Ainda não são 20h, o sol mantém-se a pairar no horizonte e elas, que vieram de Santo Tirso, ainda não tiraram todas as medidas ao evento. “Chegámos há pouco, é a primeira vez que vimos, mas para já estamos a adorar”, comenta Mariana. Se a experiência deste ano for boa, é para repetir com certeza no próximo, acrescenta Carolina — ela que é apreciadora de vinhos por influência do pai.

Os vinhos, pois claro — afinal, eles são a grande razão de ser desta terceira edição das sunset parties com a chancela do Yeatman. Houve uma primeira, a fundadora, em 2013; cinco em 2014 e para este mês está já agendada mais uma, a ter lugar a 27 de Agosto. Beatriz Machado, a directora de vinhos do hotel, explica à Fugas que as festas vínicas para olhar o pôr do sol nasceram “porque faziam falta no Norte”. “Estes eventos existiam no Algarve, mas nada de semelhante na nossa região. E nós achámos que tínhamos todo o potencial reunido para fazermos delas um sucesso.”

Neste fim de tarde de quinta-feira estão representados no Yeatman mais de duas dezenas de produtores nacionais, do Douro aos Vinhos Verdes, passando pelo Dão e Alentejo. A maior parte deles, nota Beatriz Machado, trouxe “duas referências lançadas há pouco tempo” no mercado. Espalhados por diferentes espaços do Yeatman — do terraço a mirar o Porto a algumas salas interiores — estão vários bares onde os presentes podem experimentar brancos, tintos, rosés, espumantes e alguns Porto. Aos produtores, Beatriz Machado pediu que, sendo possível, trouxessem para esta sunset garrafas magnum. “Causam muito mais impacto, combinam com o ambiente”, adianta.

A festa há-de prolongar-se noite dentro, mas ainda há sol no ar quando encontramos o criador de sapatos Luís Onofre. É fã assumido dos vinhos portugueses, já esteve no Yeatman numa ou noutra prova vínica, mas estreia-se hoje nas sunset wine parties. “Nem sempre a noite é a altura ideal para determinados eventos. Este é um sítio único, não há vista como esta e com os vinhos maravilhosos que estão aqui em prova esta torna-se de facto uma experiência única”, comenta o estilista, referindo a sua preferências “pelos tintos”, sobretudo “os do Douro”.

Ostras, lagostins ou sushi?

Para além dos vinhos, a gastronomia assume também papel de destaque nestas festas de fim de tarde. Grande parte do que aqui se come tem a mão de Ricardo Costa, o chef residente do Yeatman detentor de uma estrela Michelin. A oferta é variada — vai dos queijos e enchidos aos lagostins assados com especiarias, passando pelas ostras de Aveiro ou pela coxa de pato sauté. Mas lá fora também há porco a assar no espeto — “um momento mais tradicional”, diz Beatriz Machado — e numa das salas interiores uma concorridíssima sushi station. Os pratos foram pensados, naturalmente, para combinarem com os vinhos. E estes, refere Beatriz Machado, foram “completamente adequados à estação”. “Temos aqui tintos de Verão, brancos também, Portos mais fáceis de beber.”

A noite caiu entretanto e o Porto aqui em frente encheu-se de pontinhos de luz — as cores da cidade mudaram, mas não se perdeu encanto nenhum. “Isto é magnífico”, ouvimos dizer a um grupo de amigos na casa dos 30 anos. E entretanto apanhamos o produtor Luís Pato e perguntamos-lhe o que está a beber. “Espumante Vinha Formal”, ri-se. Foi uma das duas referências que trouxe esta noite para o Yeatman — a outra é um Vinhas Velhas Branco de 2012.

Se Luís Pato praticamente dispensa apresentações — será o produtor mais afamado da região da Bairrada —, Miguel Queimado representa um projecto “muito recente de vinhos”. É o produtor do Vale dos Ares, um Alvarinho de Monção que saiu pela primeira vez para o mercado em 2012. “Temos uma exploração do século XVII e antes éramos sobretudo produtores de uvas. Em 2012 tornámo-nos produtores de vinhos”, explica à Fugas.

No primeiro ano engarrafaram 3000 garrafas, no segundo 5000, este ano chegaram às 8000 e já exportam “para o Canadá e Alemanha”. “O mercado tem reagido muito bem. O nosso é um Alvarinho de altitude com muita elegância e frescura. Tem um bocadinho mais de acidez e frescura que os alvarinhos clássicos, o que lhe dá boa capacidade de envelhecimento em garrafa. Daqui a dez anos, os nossos vinhos vão estar excelentes para outros momentos de consumo, nomeadamente como vinhos brancos de Inverno”, antecipa Miguel Queimado.

Deixamo-nos estar uns bons minutos à conversa com o produtor, mas esta possibilidade de interacção com as caras dos vinhos não é exclusiva da imprensa. “A ideia é que quem vem a estas sunset wine parties possa conhecer não só os vinhos como também quem os faz”, adianta Beatriz Machado.

Por esta hora, já passa das 22h, ainda há quem procure as sandes de porco assado, mas muito boa gente já petisca as sobremesas — gelados artesanais ou o “poroso de chocolate”. Carolina e Mariana (lembram-se delas?) continuam nas selfies, mas agora noutro poiso. Os Voodoo, uma banda portuense que veio dar música ao Yeatman, já se fizeram ao palco e é vê-las a brindar com os amigos com outra cidade pelas costas. Afinal, quantos Portos cabem num ecrã de iPhone?

Venha a próxima

A próxima Sunset Wine Party do The Yeatman está marcada para o dia 27 de Agosto, a partir das 19h. O figurino há-de ser mais ou menos o mesmo, sendo que estarão em destaque outros produtores. Confirmados estão já João Portugal Ramos Vinhos, Quinta do Perdigão, Quinta de Soalheiro, Terras d’Alter, Casa Ermelinda Freitas, Quinta de Paços, Quintas de Melgaço, Quinta da Covela e Herdade do Rocim. A entrada, que dá direito a parque de estacionamento, custa 65€, mas os interessados devem fazer figas para que ainda haja vagas: na primeira festa deste ano, dez dias antes já tinham sido vendidos todos os lugares.

The Yeatman

Rua do Choupelo, Santa Marinha
4400-088 Vila Nova de Gaia
Tel.: 220 133 100 (as reservas para a Sunset Wine Party podem ser feitas através dos números 220 133 121/135)
Email: events@theyeatman.com
www.the-yeatman-hotel.com

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