Fugas - prazeresdeverao

  • Filipe Farinha/Stills
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Escorregar e mergulhar, até à última gota de adrenalina

Por Mara Gonçalves

“Um dia diferente” na rotina das férias. Num parque aquático, somos todos crianças.

“Estou com medo mas vou à mesma”, confessa Pedro, 13 anos, olhar doce e traquina. Mede a altura e os riscos da descida, apreensivo, recupera a coragem e lá vai ele, escorrega amarelo abaixo. O irmão Miguel, um ano mais novo, segue ao lado, no vermelho. Só custa à primeira, só afligem aqueles breves minutos de antecipação. Depois vem a adrenalina, deslizando pelo corpo à medida que se desce a gravidade aquática. E “só queres mais, mais e mais”, garante Vânia, 19 anos, já no fim daquela linha de plástico garrido.

O FreeFall é a nova atracção do Aquashow, em Quarteira, inaugurado no início do Verão com a primeira escorregadela oficial feita pelo surfista Garret McNamara.  É “o maior da Europa”, descreve a empresa, e é, na verdade, um doi-em-um: um escorrega vermelho e um amarelo, lado a lado, os mesmos 32 metros de altura e 129 metros de comprimento, um diferente ziguezaguear. No primeiro, a queda livre é instantânea, amenizada por um longo e suave deslizar no final; no segundo, a descida inicia-se quase na horizontal para depois cair a pique.

Lá em cima, a pergunta é sempre a mesma. “Qual é o pior?”, lançam ao nadador-salvador num misto de medo e excitação. “O amarelo”, devolve o rapaz com ar entediado. São muitos os “ai, meu Deus” suspirados antes de se lançarem no vazio de plástico e água, o corpo de barriga para cima, pernas e braços cruzados. “Sente-se o vento?”, pergunta uma rapariga à amiga que acaba de se deixar ir. “Não”, ainda grita a outra antes de desaparecer. Está um dia de Verão ameno, mas no topo das escadas em caracol quadrado — protagonistas de uma “corrida vertical”, realizada no início de Agosto — a brisa transforma-se em ventania e o olhar alcança todo o complexo de diversões, rodeado de pinheiros e algumas vivendas.

Vemos lá ao fundo a zona temática, com a montanha-russa, as pistas ondulantes do Speed Race, o palco dos shows com animais e as diversões a seco dos aviões do Air Race e do anel pendular do Top Swing. Vemos aqui a zona aquática, com as bóias do White Fall, o serpenteado dos tubos e da Wild Snake, o Aqualândia e a piscina de ondas. Vemos serra e vemos mar.

Quando descemos, já Pedro e Miguel estão novamente na fila. São do Porto e estão a passar férias no Algarve. Os pais — pouco dados a estas aventuras, contam — aguardam por eles pacientemente numa das esplanadas do recinto, mas a energia dos dois parece inesgotável e a espera promete ser longa. Agora que o receio passou, querem trocar e experimentar o outro dos dois escorregas. “Só deu medo no meio, que era mais rápido”, diz Pedro. “A água vai para os olhos de propósito para não se ver”, acrescenta Miguel. Contas feitas, aquela é a atracção preferida até agora. “Tem mais adrenalina.”

Ondas e shows de serpentes

Entre uma diversão e outra, os blocos de relva pintam-se de toalhas coloridas, cada sombra com o seu pequeno arco-íris. Há quem tenha trazido chapéus-de-sol, geleiras e cadeiras de praia. Não falta sequer o vendedor de bolas de berlim (1,5€ a simples e 2€ com creme). Há gente deitada a bronzear-se e outros que conversam em grupo, mas a maioria do espaço é apenas um amontoado de pertences, vestígios de alguém que estará numa esplanada, numa piscina, numa fila de escorrega ou de casa de banho.

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