O nome pode soar estranho, mas tudo o resto parece bem cativante logo à primeira impressão. E como se diz que não há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão, há que dizer que o apetite cresce logo à chegada a este Columbinos. Não é, no entanto, de pombos ou columbofilia que se trata. A associação remete antes para o Mosteiro de Pombeiro, monumento histórico e ícone maior do concelho, associando a ideia de poder ser o Columbinos uma espécie de símbolo moderno de Felgueiras.
Descrito como "espaço de requinte e harmonia", o edifício executa um conceito arquitectónico bem conseguido e de algum arrojo, articulando ferro, madeira e granito. Trata-se de um edifício próprio e construído de raiz para funcionar como restaurante. Uma espécie de paralelepípedos justapostos, criteriosamente colocados na encosta e que logo se destacam pelo ar de inesperada modernidade.
Há um volume de aspecto mais sólido e fachadas de ferro, onde funcionam as áreas de serviço e de apoio, e dois outros a ele acoplados que são as salas de restauração. Estas assentes em estacas e levemente elevadas em relação ao solo donde cresce um pequeno canavial, que funciona como jardim de Inverno e se ergue pelo espaço em aberto deixado pelo encaixe entre os três volumes. Todas as paredes em vido e pé direito generoso que absorvem toda a luminosidade. Mobiliário de sóbria modernidade e baixela a condizer, copos adequados, toalhas e guardanapos em algodão e serviço esforçado.
Além dos petisquinhos de entrada, a ementa oferece sete pratos de peixe, incluindo dois bacalhaus, nove de carne e um vegetariano, todos com preços que andam entre os 11 e os 15 euros. Começou-se com umas minipataniscas de bacalhau, folhadinhos de alheira e uns pedacinhos de queijo brie em tempura com molho de frutos vermelhos. Tudo de confecção correcta e boa apresentação, mas nem tudo cozinhado na hora. O palato estava pronto para umas gambas com alho (6€ a dose). Tamanho generoso e levemente resistentes ao dente, como deve ser, foram servidas com molho espesso e folhas de coentro a deixar um toque de frescura. Tiveram excelente complemento no Esporão branco reserva de 2008 (16,80€), que se mostrou muito bem afinado.
Os filetinhos de pescada com puré gratinado e molho de marisco (13€) apareceram bem fritos e escorridos e envoltos em ovo biológico. Lombinhos da pescada criteriosamente cortados, mas a denotarem algum tempo de frio e talvez empapados em leite, o que os deixou secos e sem sabor e frescura. Longe do mar e dependente da peixaria local, fica claro que nem sempre a coisa corre pelo melhor. Muito melhor esteve o bacalhau lascado com broa, grelos e barata a murro (11€). Bacalhau amarelinho de boa cura, que passa pelo forno com cobertura de broa e em cama de grelos salteados. Empratamento elegante a reforçar o bom equilíbrio e sapidez do conjunto.
Fechou-se com coxa de pato assada no forno com o seu arroz (13€), mas que era confitada e estava mesmo muito boa e também bem apresentada. No ponto exacto, gulosa e a libertar aromas. O arroz untuoso e ainda mais apetitoso por cozinhado na companhia de pedacinhos de chouriço de bom fumeiro. Esteve perfeitamente à altura do tinto Herdade do Sobroso Reserva 2006 (18€), um alentejano de rara elegância e complexidade. Trilogia de chocolate com gelado de tangerina (4€) e um bem conseguido pavé tricolor (3,25€) compuseram o capítulo das sobremesas.
Em jeito de balanço, há que dizer que a modernidade do espaço casa muito bem com a cozinha de pendor mais português e tradicional. É isso que fica também evidente com um capítulo da carta específico para os domingos, com coisas como cabrito de forno com castanhas e arroz do forno (15,50€), vitela maronesa (12,50€) ou bacalhau à moda do Minho, broa e enchidos (11€). Há claramente mão segura e certeira para os bacalhaus, arrozes e assados, a que se juntam bons produtos e um louvável cuidado na apresentação.
Quanto à garrafeira, oferece algumas opções a preços sensatos (entre 7,50€ e 32€) para tintos e brancos do Douro e Alentejo, mas mostra-se curta no restante. Além de maior diversidade, faltam vinhos com capacidade para ombrear com a opulência de alguns pratos. Há também algum esforço a fazer no tocante ao serviço e às temperaturas para poder acompanhar a oferta gastronómica.
(Maio 2010)
- Nome
- Columbinos
- Local
- Felgueiras, Friande, R. Padre António Correia
- Telefone
- 255925534
- Horarios
- Segunda a Sábado das 12:00 às 15:00 e das 19:00 às 00:00
e das 12:00 às 15:00
- Website
- http://restaurantecolumbinos.com/
- Preço
- 20€
- Cozinha
- Trad. Portuguesa
- Espaço para fumadores
- Sim