Fugas - restaurantes e bares

  • Fernando Veludo/nFactos
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Copos, tapas e amigos

Por Andreia Marques Pereira ,

Já tinha a boémia mas, agora com (mais) amigos, é outra loiça. Fomos perceber os laços de amizade com que se cose La Bohème entre Amis, na portuense Rua Galeria de Paris.

Começou pela boémia, mas depois arranjou amigos e nada foi (é) como antes. Não que tenha deixado a boémia para trás, contudo, com companhia, agora há um propósito. Ou, se calhar, foi o propósito que pediu companhia.  

Não importa para o caso. O que interessa é que agora todos os caminhos neste La Bohème Entre Amis se dirigem para Baco. E para lhe prestar o devido culto voltou as costas à rua (ainda que não totalmente), vestiu-se de novo e passou a ouvir outra música.

A mudança é tão radical que não fosse o nome, a manter um certo sentido de continuidade, nunca veríamos aqui o sucessor do La Bohème, café-confeitaria-bar indistinto (excepto pelas cores fluorescentes que lhe povoavam a alma) que abriu na Rua das Galerias de Paris há pouco mais de dois anos. A maturação foi rápida e ainda bem: apesar de continuar a ser conhecido por La Bohème, deixando cair o Entre Amis na coloquialidade do dia-a-dia, qualquer semelhança entre o antes e o agora é pura coincidência.

E o mais óbvio desse corte com o passado é o que se vê. Chama desde logo a atenção a fachada, onde no granito omnipresente do Porto se incrustam vidro e madeira em formas indisciplinadas que permitem espreitar o interior - este impõe-se pela simplicidade acolhedora, sobretudo se já iluminado pelas luzes amarelas que lhe acendem as noites. Quando entramos, estamos no meio de madeira de pinho (não por acaso, claro, é a mesma dos caixotes de vinho) que, ostensivamente, emana do mobiliário e do chão e escapula-se das paredes e tectos em tábuas que fazem as vezes de traves e de garrafeira. "Um dia vamos ter tudo cheio", garante Alberto Fonseca, proprietário - cheio de garrafas que já ocupam boa porção das paredes do espaço que se desdobra em três andares. No rés-do-chão (com um desnível que forma um recanto "abrigado"), na mezzanine e na cave, a sobriedade marcadamente contemporânea deste espaço exibe- -se na combinação da madeira e negro, que preenche os interstícios das paredes e cobre os bancos e sofás. Na cave, o vinho tem direito a expositor próprio, independente dos caprichos arquitectónicos,

Quando Alberto Fonseca inaugurou o La Bohème original, já funcionava aqui um café, "muito velhinho". Como "não havia muito dinheiro", fez-se "um pequeno restauro" e deixou-se que a movida que se instalava na rua fizesse o resto. Este La Bohème entre Amis (que abriu no início do ano), pelo contrário, é um espaço (re)inventado à imagem do proprietário, desde os materiais usados (adora madeira) ao próprio conceito. A aposta nos vinhos é uma aposta no convívio, nos amigos. "Para mim, o vinho é bom com amigos", explica. E ainda melhor quando acompanhado de algo para petiscar ("Não consigo beber vinho sem comer") - daí as tapas, que se apresentam em grande variedade e que podem fazer refeições: veja-se, por exemplo o camembert panado com doce de tomate, a punheta de bacalhau ou a alheira (para algo mais tradicional, ou seja, de faca e garfo, há prego no prato e francesinha, apenas). 

Esta mudança de atitude veio também acompanhada da vontade de "trabalhar mais o interior", ou seja, largar os clientes que apenas se instalam na rua e conquistar um público próprio. "É um conceito que dá menos lucro e é mais trabalhoso", reconhece Alberto, "mas compensa pela convivência". Afinal, antes "não tínhamos clientes fixos", agora "temos amigos".

Amigos que se reúnem em torno de uma garrafeira generosa. Tanto o é que apresenta vinhos de todas as regiões de Portugal continental, nas suas variedades de tintos, brancos, verdes e rosés; e se detém com atenção redobrada no Vinho do Porto (todos Borges), inclusive com colheitas (desde 1937) e vintages abundantes. A ideia é responder a todos os gostos e bolsos - há vinhos, reconhece Alberto Fonseca, que são apenas para conhecedores (e abastados). E para quem não aprecia vinho, a oferta é generosa e inclui todas as bebidas que cabem num bar - da cerveja ao mojito, passando pelas caipirinhas e margaritas.

E, claro, omnipresente a tudo isto, a música que é ecléctica q.b. e não tem preconceitos de género, embora tenha preferências declaradas pela MPB, jazz e blues e evite o rock (para não ser concorrência da Tendinha dos Clérigos, do mesmo proprietário). De qualquer forma, tanto podemos ouvir Portishead como Marvin Gaye ou Marco Paulo... À sexta-feira e sábados há sempre DJ, ao domingo música ao vivo. E desde há dois meses, happy hour (até às 22h), que inclui bebida e petiscos. A ideia não é nova: chamar os portuenses mais cedo aos bares. E com os amigos.

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Preços: Happy hour - vinho a copo a 1,50€; sangria a copo a 2,50€; sangria de espumante a 3€; cerveja a 1€; mojito a capirinha a 3,50€; margarita a 4€; cachorro/hambúrguer a 3€. Normal: vinho (branco, tinto, verde) a copo desde 2€; garrafa desde 7,50€; Vinho do Porto (cálice) desde 2,50€, garrafa a partir de 20€; chamapanhe desde 45€ (garrafa); espumante desde 12€ (garrafa); tapas começam nos 2€; prego no prato a 8€; francesinha a 6,50€.

Nome
La Bohème entre Amis
Local
Porto, Porto, Rua Galeria de Paris, 40
Horarios
Terça a Quinta das 15:00 às 02:00
Domingo das 15:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 15:00 às 04:00
Website
http://www.laboheme.com.pt/
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