“It’s a martini. Shaken, not stirred.” Entramos neste novo espaço do Bairro Alto, em Lisboa, e somos transportados automaticamente para o mundo do cinema. De tal forma que estamos tentados a imitar James Bond e pedir a famosa bebida ao balcão, inspirados pelo cartaz da saga que anima uma das paredes, ao lado de clássicos como Casablanca, Scarface ou Pulp Fiction. Aqui quer-se respirar cinema e contagiar tudo e todos com a aura da sétima arte. Logo à entrada, sobre a vitrina de merchandising cinematográfico, há uma claquete que dita a happy hour e uma antiga máquina de projecção, qual trailer para este Cinebairro: um misto de loja, bar e sala de cinema, onde todos os dias há películas a passar na parede do fundo.
“O espaço já era meu e quando decidi iniciar aqui um negócio quis aliar o gosto que tenho pelo cinema ao sonho que sempre tive de abrir um bar”, conta Ricardo Calçada, o proprietário e barman. De casa vieram alguns filmes e a colecção de Star Wars com DVD e pequenas naves espaciais de colecção, da Amazon chegaram vários posters e da Feira da Ladra quase tudo o resto: as antigas bobinas, os velhos cartazes de Bruce Lee e de westerns como O Meu Nome É Ninguém ou Homens Violentos, e as fotografias emblemáticas de E Tudo O Vento Levou, O Filho Do Sheik ou de nomes incontornáveis como Alfred Hitchcock, Beatriz Costa e John Malkovich.
Passear o olhar pela memorabília cinéfila que vai cobrindo quase todas as paredes é duplamente um exercício de recordação de bons momentos passados à frente de uma tela e de confirmação mental da nossa lista de filmes vistos e a não perder. (Ainda) não estão lá todos os grandes marcos da história da sétima arte (diríamos que são mais os que faltam do que os que habitam o espaço), mas a decoração do Cinebairro é a próxima aposta de Ricardo. “Quero ter mais posters e um mural só com as fotografias emolduradas, ter outro mobiliário, pinturas nos arcos”, enumera. Prometida para depois do Verão está também a ampliação do bar, com uma nova ala e cozinha (passando a encerrar às 2h), mas o conceito mantém-se, com muito, muito cinema. Seja na música, que de vez em quando irrompe em bandas sonoras de Pulp Fiction, Bodyguard, entre outras; seja na carta de bebidas, onde, além da aposta nos gins e vinhos a copo, tem cocktails icónicos de filmes, como o Vesper de Casino Royal, o Cosmopolitan de O Sexo e a Cidade ou o Old Fashioned de Amor Estúpido e Louco; seja nas sessões de cinema que decorrem todos os dias.
Aqui “a ideia não é que a pessoa saiba de antemão qual é o filme e venha ver as duas horas, mas que vá a passar na rua, tenha curiosidade de entrar, veja cinco ou dez minutos e depois, se gostar, assista ao filme todo no dia seguinte em casa”, explica. (“É claro que quem quiser ver tudo, pode ficar”.) Geralmente há duas sessões por dia — às 17h e às 22h —, mas não existe uma programação pré-definida.
“O que faço é pedir filmes aos clientes e amigos, que vou introduzindo numa base de dados. Depois de os projectar, junto todos e devolvo à pessoa”, explica, mostrando dois sacos recheados com os últimos empréstimos. Depois a escolha diária vai sendo feita “de acordo com a disposição”. “Chego ali à prateleira dos filmes que ainda não passei, vejo qual é que me apetece ver e coloco.” Os eleitos de cada dia são anunciados pouco antes no Facebook e há para todos os gostos: filmes de culto, clássicos, blockbusters, comédias, animação, dos mais recentes aos mais antigos, portugueses, norte-americanos, franceses ou italianos. De fora ficam, à partida, “os que tiverem abaixo de cinco no IMDB”, de guerra, terror ou com cenas de sexo explícito.
Desde a inauguração, feita no último dia de 2013, já existiram dias dedicados a sagas — como Matrix ou Tropa de Elite (O Padrinho será uma das próximas maratonas) — , a realizadores — o preferido de Ricardo, Stanley Kubrik, e Tim Burton, por exemplo —, e a países (num dos dias de produção nacional houve A Menina da Rádio e Pai Tirano). Sempre que decorre um festival de cinema, há sessões dedicadas ao evento (Curtas Vila do Conde e Doc Lisboa são os que se seguem na agenda) e nas últimas quinta-feiras de cada mês o PUFF (Portuguese Underground Film Festival) instala-se no Cinebairro. Durante o mês de Julho continuarão também as sessões de homenagem a realizadores portugueses (as próximas dedicadas a Isabel Pina e a Cláudio Jordão).
Já a loja resume-se, neste momento, a metade de um expositor, onde estão à venda DVD, t-shirts e sacos do king of cool Steve Mcqueen e pins de Taxi Driver, entre outros. Mas, através de contactos com diferentes produtoras, Ricardo promete tentar “encontrar filmes ou posters que o cliente quer ou procura e não consegue encontrar”.
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Preços: Comida – azeitonas a 1€; patés a 3€; queijo, chouriço e azeitonas a 3,5€; tapa do dia (anchovas, biqueirão, presunto) a 4€. Bebida – gins dos 5€ aos 8€; vinho a copo entre 2€ e 3,5€; licores a 3€; cocktails a 6,5€; whisky entre 4€ e 5€; caipirinhas, mojitos e vodkas a partir de 4€; cerveja a 1€; refrigerantes a 2€. Promoções: até às 20h há happy hour todos os dias, às segundas os produtos da loja têm 20% de desconto, às terças os gins Hendrick’s, às quartas os Bulldog e nas quintas-feiras as tapas.
- Nome
- Cinebairro
- Local
- Lisboa, Encarnação, Travessa da Espera, 46
- Telefone
- 918563575
- Horarios
- Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 00:00
- Website
- https://www.facebook.com/pages/Cinebairro/519910501441545?fref=ts