Fugas - restaurantes e bares

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Brasserie Flo

Por David Lopes Ramos ,

Temos, então, mais uma cervejaria na lisboeta avenida da Liberdade. Uma cervejaria, porém, que não tem nada a ver com a sua vizinha e histórica Ribadouro. Esta de que vos falo, a Flo, é francesa de Paris, uma "brasserie", portanto.

Tal significa uma decoração mais cuidada com sugestões de "arte nova", um ambiente menos popular (não há tremoços nem amendoins, por exemplo), menos barulho, um serviço de mesa mais cuidado, ementas mais sofisticadas. As ostras, de diferentes proveniências e variedades, são um dos destaques da oferta, bem como o "foie gras". Há ainda uma escolha de vinhos que, embora não muito ampla, é criteriosa.

Há quem a propósito da Brasserie Flo, situada no rés-do-chão do cinco estrelas Hotel Tivoli, mas com entrada autónoma pela avenida da Liberdade, fale na "democratização" das ostras e do "foie gras". Embora o objectivo seja louvável, os preços parisienses praticados remetem-no para o lugar de uma boa ideia propagandística.

À entrada da sala da Flo lisboeta situam-se, de um lado, um bar, que também pode funcionar como lugar de espera por mesa, e, do outro, o espaço das ostras e dos mariscos, onde pessoal especializado abre os bivalves, além de ostras, amêijoas e mexilhões pelo menos, os quais, com lagostas, lavagantes, camarões, gambas ou lagostins, compõem a oferta de atractivos "plateaux de fruits de mer", travessas mais ou menos completas, umas mais baratas do que outras, mas todas com muito bom ar. Mais do que isto, há os pratos cozinhados que, como é normal nas "brasseries", oferecem doses generosas, são de confecção cuidada e têm molhos em que a presença da manteiga, natas e especiarias é notória. Nos acompanhamentos, além da presença da batata de várias maneiras - fritas, assadas no forno, em puré e gratinados - surgem as saladas cruas, de legumes variados, e outros cozidos, como é o caso das cenouras e do feijão verde.

E, como seria de esperar, há os pratos que não faltam numa "brasserie" que se preze: além das citadas ostras e "foie gras", o salmão fumado ou marinado com aneto e outros condimentos, a "choucroute" alsaciana, a sopa de peixe com "rouille", o bife tártaro, o "magret" de pato. Enquanto nas sobremesas dominam os sorvetes e os gelados. Para beber, além de cerveja, champanhe, vinhos brancos e tintos, com uma percentagem significativa de franceses.

Das ostras, como as de Setúbal e algarvias nos são mais familiares, pediram-se duas meias dúzias das Bellon (26,50 euros) e das Gillardea (21,50 euros), ambas excelentes, fresquíssimas, suculentíssimas, talvez mais delicadamente iodadas e adstringentes as "plates" Bellon e de sabor mais intenso e corpo mais "gordo" as "creuses" Gillardea, apenas temperadas com umas gotinhas de limão. As ostras são servidas na clássica companhia francesa de fatias de pão de centeio e um molho de chalotas picadinhas e vinagre de vinho tinto, que dispenso. Seguiram-se: a sopa de peixe (9,50 euros), um puré saboroso e especioso, com o açafrão a destacar-se sem desequilibrar o conjunto, com "rouille", um molho que é uma espécie de maionese com alho, açafrão e um pouco de malagueta, e torradas; um crocante de gambas (14,50 euros), com elas embrulhadas em massa "brick", um belo frito crocante, com um molho acarilado e uma salada crua com cebolinho e aneto, entre outros; a tosta de queijo de cabra (8,50 euros) bem confeccionada; e o salmão marinado Flo (13,50 euros), que era defumado, mas agradou muito.

Os pratos provados foram os filetes de salmonete (19,50 euros), bem cortados, cozinhados no ponto, envolvidos num dos tais molhos um tanto pesados estilo "brasserie", acompanhados por cenouras e feijão verde cozidos ao vapor; o bife tártaro (17,50 euros) na versão da casa, em que a carne de vaca crua picada surge estendida no prato, temperada com a gema de ovo, alcaparras picadinhas e restante companhia, com boas batatas fritas servidas à parte; o "pavé de vitela" (21,50 euros), um corte impecável, assadura no ponto, ou seja, bem rosado, batatas novas farinhentas e saborosas. Em relação a este prato houve uma falha de comunicação, uma vez que se tinha pedido o "onglet". Finalmente, a "choucroute flo" (19,50 euros), com a couve branca fermentada, aromatizada com vinagre e bagas de zimbro, fatias de peito e perna de porco defumados, belo tempero, e duas boas salsichas (Francfort e Montbélliard) e mostarda das autênticas.

Como sobremesas escolheram-se sorvetes de limão (muito, muito bom) e baunilha (7,50 euros), gelado de cerejas "griottes" (uma variedade de ginja, 9,50 euros) e umas originais farófias com creme inglês e uma espécie de "parliné" de amêndoas torradas (7,50 euros), leves e doces, como seria de esperar. O vinho foi um branco Chablis Vieilles Vignes (45 euros), de que não guardei mais referências, que acompanhou bem toda a refeição, correcto, e não mais, notando-se-lhe alguma falta de acidez.

O serviço, salvo o pormenor do "onglet", revelou-se correcto, apesar da casa cheia. Mas deve fazer um esforço no sentido de nunca deixar os copos vazios, quer os de água, quer os de vinho. Também dá para perceber que há empregados que devem ter feito uma reciclagem. O estilo "brassserie", adivinha-se, exige-lhes mais esforço e rapidez do que antes. Há pormenores de ritmo de serviço a acertar.

A Brasserie Flo, de Lisboa, faz parte de uma cadeia de casas do mesmo tipo. Depois de conquistar Paris, a rede alargou-se a algumas das mais importantes cidades do Mundo, mantendo em todas o mesmo cunho francês.

Nome
Brasserie Flo
Local
Lisboa, Coração de Jesus, Avenida da Liberdade, 185
Telefone
213198977
Horarios
Todos os dias das 12:30 às 00:00
Website
http://www.tivolihotels.com
Preço
40€
Cozinha
Francesa
Observações
Hotel Tivoli.
Espaço para fumadores
Não
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