Fugas - restaurantes e bares

  • Pedro Maia
  • Pedro Maia

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Adega alfacinha, petisqueira e atenta ao pormenor

A "tábua de entrada" (15 euros), com dois queijos, três enchidos mais para o lado dos embutidos espanhóis, presunto, saladinha de polvo e de orelha, era uma selecção de qualidade regular, mas que beneficiou da preciosa ajuda do bom pão tradicional (2,10 euros) de que a casa dispõe. Antes de continuar, um olhar mais demorado sobre a cozinha aberta para a sala, que permite ver o raiar hipnótico das chamas, e uma ida aos lavabos para aferir mais um detalhe, ao constatar que existe água quente no lavatório. Parece banal mas não é, pois a maior parte dos restaurantes descura este ponto, e quando lá fora a noite está (mais uma vez) gélida, o aconchego deste pormenor é de "por maior" importância.

De volta aos acepipes, continuou-se com umas tenras "lulas na frigideira" (10,50 euros) servidas numa frigideirinha de barro preto, de sabor apaladado, com um suave toque picante no final, que foram casadas com o "esparregado conventual" (5,50 euros), com a nabiça a vir segada e não triturada, bem balanceado de vinagre, mas carente de uma pitada de sal. Uma panelinha de ferro trípode aterrou na mesa para consagrar o palato à "dobrada com feijão branco" (9,30 euros), guisadinho tradicional, apurado e competente.

Seguiu-se o "pato à medieval" (13,50 euros), assado inteiro demoradamente e trinchado em pedaços, que ficaram suculentos, a soltarem-se do osso. Os diversos condimentos "especiados" remetem para a época, mas sem exageros, a conferirem um sabor rico e equilibrado, a pedir pãozinho no molho. Outra das quinze hipóteses de carne é o "cabrito no forno" (20,70 euros), de tempero tradicional e a dar o seu melhor noutra execução de mão segura. As "batatas a murro" (3,90 euros), bem azeitadas e de boa estirpe, fizeram a ligação à parte da caça, com uma das seis propostas a ser o "veado no forno" (22 euros). A carne, mais uma vez saborosa e macia, a evidenciar uma marinada longa em vinho tinto, como é de praxe. A dose é que pareceu estranhamente escassa, a destoar das restantes.


Ganham os lisboetas

Nas bebidas, o proprietário que dá nome à casa é também enólogo e por isso puxa todas as brasas, neste caso, às suas vinhas, disponibilizando apenas seis lotes produzidos na região de Alenquer. Os vinhos, divididos por castas como "Fernão Pires & Arinto", "Cabernet Sauvignon" ou "Castelão & Aragonez", são tirados directamente das pipas que revestem uma das paredes da sala, e produzem um efeito visual de cariz turístico, mas que têm um bag-in-box no interior. Apesar de serem servidos em copos apropriados e temperaturas adequadas, a oferta é claramente reduzida. A opção comercial é discutível, mas fica atenuada pela boa qualidade média dos vinhos, encorpados e equilibrados, e os preços pouco especulativos (2,50 euros o copo e 8, 50 euros por 75cl). Victor Horta acrescenta mais um detalhe ao engarrafar na hora qualquer vinho da carta por cerca de metade do preço listado. Há ainda alguns espumantes e uma cerveja artesanal produzida na casa, que varia de estilo, e numa das visitas era preta, aromática q.b., de espuma suave, sabor delicado e corpo leve.

Nome
Restaurante Adega Victor Horta
Local
Lisboa, Santo Estêvão, Rua do Cais de Santarém, 8
Telefone
218825082
Horarios
Segunda a Sábado das 14:00 às 19:00 e das 19:30 às 00:30
Website
https://www.facebook.com/Adega.Victor.Horta
Preço
25€
Cozinha
Trad. Portuguesa
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