Fugas - restaurantes e bares

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A Madeira já chegou às Galerias de Paris

Por Andreia Marques Pereira ,

Aqui, todos os funcionários são madeirenses. Ou não se chamasse o bar É Prá Poncha. No nome, todo um programa: a típica bebida madeirense de aguardente de cana-de-açúcar dá nome a este bar da rua das Galerias de Paris, no Porto. Sabemos ao que vamos, portanto, quando passamos a porta da fachada estreita. Ou assim pensámos.

É Pierre quem hoje está a fazer as ponchas. A aguardente de cana-de-açúcar é o ingrediente principal da poncha, pensávamos nós, mas aqui cede parte do protagonismo à vodka, uma intromissão que faz história. Com esta, a poncha tornou-se uma bebida menos alcoólica e com o gelo (tradicionalmente é servida à temperatura ambiente) é mais suave. O resultado foi a transformação da poncha "numa bebida da noite", explica Duarte Pestana, sócio-gerente, quando inicialmente era uma bebida dos pescadores de Câmara de Lobos, que a tomavam antes da faina.

Duarte Pestana concorda que a alteração dos ingredientes mudou "também fez o sucesso da casa". E aqui está, numa lista na parede, a "poncha à pescador", com cascas de limão, açúcar, laranja e aguardente de cana, e a tradicional - que é a "aguardente regional": sumo de limão, mel e aguardente de cana. A que nos preparam é a "poncha de tangerina" (atenção, o sabor a álcool é bastante diluído, é quase como um sumo, mas ele está lá): para o jarro entram o sumo de laranja, a vodka e o mel e depois a fruta natural, que é macerada ali.

Depois, é misturar tudo com a ajuda do indispensável "caralhinho" - o pau de misturar poncha: "Há quem sugira a varinha mágica, até a Bimby. Não pode ser de outra maneira, há coisas que não mudam", defende Duarte, sorrindo.

Há também poncha de maracujá e a de tangerina pode ser feita com vodka preta; há a poncha absinto e a poncha whisky; e a poncha tripla, que são três ponchas numa caneca de cerveja à boa maneira bávara.

No É Prá Poncha, um espaço comprido e estreito, é como se entrássemos numa caverna - foi assim que o arquitecto, António Fernandez, concebeu o bar. As paredes em cinza claro - incluindo na pedra - dão a tela neutra q.b. para os devaneios luminosos e a cabina de DJ é um cubículo delineado por formas arredondadas; o balcão parece quase esculpido, iluminado por uma faixa azul-turquesa a emitir da base. "É um iceberg", esclarece Duarte Pestana.

O É Prá Poncha pode ser visto como embaixada. Afinal, o portuense é o segundo em "Portugal continental", como diz Duarte Pestana, que veio à boleia da poncha de Câmara de Lobos para o continente. Foi na cidade piscatória, a poucos quilómetros do Funchal, que há 27 anos começou esta história. Numa parede do interior do balcão, fotografias a preto e branco mostram a casa-mãe, perto do Lido funchalense.

Há nove anos, a poncha desembarcou em Lisboa, para ancorar na Avenida 24 de Julho; chega ao Porto na Baixa da cidade. "Demorou a fazer o salto", diz Duarte, antigo gerente da casa lisboeta, "porque não foi fácil encontrar o sítio certo". A noite do Porto, lembra, era muito instável. "Primeiro era na Ribeira, depois passou para a Zona Industrial, depois chegou à Baixa." Aqui, encontraram "grande potencial de vida nocturna" e por isso cá estão, com música dos anos 1980 e rock servido pelos DJ da casa - um já está encontrado, Nuno Quintal, para o outro ainda se fazem "audições".

Não foi preciso casting para a niquita, outra bebida madeirense, que também aqui mora em versão com ou sem álcool: "com" é uma mistura de gelado de ananás com açúcar, vinho branco e cerveja; "sem" é a união do gelado com Brisa (outra bebida, no caso refrigerante, tipicamente madeirense) de maracujá. A acompanhar, amendoins e tremoços com tempero madeirense (a saber: salsa, alho, pimentão vermelho e sal).

Nome
É Prá Poncha
Local
Porto, Porto, Rua da Galeria de Paris, 99
Telefone
969472546
Horarios
Segunda a Sábado das 17:00 às 04:00
Website
http://www.epraponcha.com
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